Resistência @ Campo Pequeno: os resistentes


Os Resistência encheram o Campo Pequeno com saudosismo e palavras de ordem, tão atuais como há 20 anos atrás.

Muitos foram os fãs que não perderam o reencontro deste projeto que se formou há 20 anos e que junta grandes resistentes da música portuguesa: Miguel Ângelo e Olavo Bilac (nas vozes), e a superbanda composta por Tim, José Salgueiro, Fernando Júdice, Mário Delgado, Dudas, Pedro Jóia, Pedro Ayres Magalhães e Fernando Cunha para relembrarem temas imortalizados ao longo de várias gerações.

Foi com um vídeo composto por depoimentos feitos pelos membros da banda (a relatarem a história dos Resistência) que a plateia recebeu cada músico com grandes ovações e aplausos. Já a saudade ia sossegando quando toda a banda sobe ao palco para tocarem o instrumental "Mano a Mano" dos Madredeus, e ainda mal se faziam ouvir os últimos acordes já as atenções estavam viradas para Miguel Ângelo e o Olavo Bilac que se juntaram à banda para cantarem "Nasce Selvagem" (agarrando todo o público que fez ecoar as suas vozes e palmas por toda a arena). Um momento de euforia e emoção aqueceu a alma da banda (que aparentava uma enorme felicidade em pisar um palco tão bem acompanhados, quer pelos músicos, quer pela tão lotada plateia) e do público que tanto ansiava por esta noite. O ex-vocalista dos Delfins deu as boas vindas aos fãs e aproveitou a maré para revisitar "No meu quarto" (também da banda que o destacou), cantando palavras que soaram a intervenção. É chegado o momento de evocar os Xutos e Pontapés com "Esta Cidade" e Tim, sem grandes demoras remata para o primeiro tema da noite de Zeca Afonso; "Que o Amor Não Me Engana". Os Resistência não são só temas de outras bandas, também possuem originais da autoria de Pedro Ayres Magalhães e "Liberdade" e "Timor" (que era uma música de esperança e agora é de celebração) fizeram as delícias dos presentes.

O concerto prosseguiu com muita emoção e o reportório trouxe-nos "Fim" e "Perigo" dos Trovante, "Amanhã é Sempre Longe Demais" dos Rádio Macau, "Fado" dos Heróis do Mar, "A Noite" dos Sitiados, "Amália Voz De Nós" de António Variações entre outros hinos dos Xutos e Pontapés, Delfins e do muito mencionado Zeca Afonso; afinal foi ele que deu a entender aos Resistência a maneira como estes se deviam posicionar na música portuguesa, segundo palavras de Tim.

"A Noite" e "Aquele Inverno" foram dos momentos mais marcantes do espetáculo onde a plateia encheu o recinto com toda a sua voz em uníssono e culminaram com um grandioso aplauso.

Após o "Circo de Feras", Fredo Mergner (um dos membros criadores da banda) subiu a palco para interpretar em conjunto com os atuais músicos "Não Sou o Único" que terminou com a retirada de todos os elementos dos Resistência do palco. Um aplauso enorme, misturado com muitos assobios e vários "Olés" fez com que rapidamente se iniciasse o encore com "Prisão em Si" durante a qual Bilac ergueu uma bandeira Portuguesa, deixando os presentes ainda mais em êxtase. Houve tempo para mais um encore e ainda para outro que terminou da melhor maneira, fechando com chave de ouro com o bis da "Não Sou o Único" e "Nasce Selvagem", com todas as luzes acesas e com todas as vozes a fazerem-se ouvir.

Duas horas e meia repletas dos maiores êxitos musicais feitos em Portugal ressuscitaram os Resistência 18 anos após a sua curta carreira, matando a saudade dos fãs que compareceram à chamada e que com saudade vão guardar esta noite onde se tocou e cantou a nossa história.

Alinhamento:
Mano a Mano
Nasce Selvagem
No Meu Quarto
Finisterra
Esta Cidade
Que o Amor Não Me Engana
Liberdade
Timor
Perigo
Chamaram-me Cigano
Traz Outro Amigo Também
Fim
Só No Mar
Fado
Amanhã é Sempre Longe Demais
A Noite
A Marcha dos Desalinhados
Aquele Inverno
Um Lugar ao Sol
Amália Voz De Nós
Nunca Mais
Circo de Feras
Não Sou o Único com a participação de Fredo Mergner
Encore:
Prisão em Si
Encore 2:
Perigo
Encore 3:
Não Sou o Único
Nasce Selvagem

Fotos: João Paulo Wadhoomall
Texto: Bruno Silva