Bruce Dickinson na Aula Magna: Um espetáculo não só para os fãs


Bruce Dickinson na Aula Magna: Um espetáculo não só para os fãs

Bruce Dickinson, o lendário vocalista dos Iron Maiden aproveita as "folgas" das tours da banda para fazer este espetáculo ao vivo, baseado no seu livro "What Does This Button Do?", uma autobiografia em que conta histórias da sua vida, desde a primeira escola até à luta mais recente contra o cancro na garganta.

[alpine-phototile-for-flickr src="set" uid="94480350@N05" sid="72157712150352577" imgl="fancybox" style="floor" row="5" size="800" num="9" highlight="1" curve="1" align="center" max="100" nocredit="1"]

Numa Aula Magna inexplicavelmente (apenas) a dois terços, Bruce fez um espetáculo de cerca de 150 minutos, em que na primeira hora e meia resumiu o seu percurso desde que queria ser baterista (e nunca cantor) e começou a tocar bongos na sua primeira banda de escola, e onde começou por "arranhar" a "Let it Be" dos Beatles.

Rapidamente promovido a vocalista, passou ainda por uma banda de Comedy Heavy Metal, durante a universidade onde fez uma licenciatura em Modern History e onde talvez tenha desenvolvido a sua obsessão por calças, (amplamente revista neste espetáculo através de fotos promocionais da sua carreira). Foi também depois de um concerto desta banda que foi contratado para a sua primeira banda "a sério", os Samson onde "cometeu todos os erros que uma banda poderia ter cometido numa carreira em apenas um ano e meio".

Sempre num registo entre o stand-up comedy e uma TED talk, ficámos com grandes tiradas como "Politics is rock'n'roll for ugly people", descobrimos que apenas os baixistas conseguem falar com os bateristas (que são todos loucos e de limitado sentido melódico) e até vimos recordados encontros com a Rainha de Inglaterra ("que tem os melhores one-liners da história…").

Soubemos como, desde cedo, nasceu a paixão pelos aviões fomentada por familiares pilotos e que levou a que Bruce Dickinson se tornasse piloto comercial durante vários anos e já durante a sua carreira musical, para onde tirava férias ou licenças sem vencimento.

Por entre histórias do início, saída para a carreira a solo e regresso aos Iron Maiden, tivemos o momento "auto-ajuda", em que Bruce conta a maneira como lutou contra o cancro na garganta, que lhe podia ter acabado com a carreira (e a vida) e como se motivou para essa luta.

Não concentrando muito o espetáculo nos Iron Maiden houve, no entanto, promoção à cerveja Trooper (produzida por eles), histórias no memorável concerto no Rock in Rio '85, onde as dificuldades técnicas levaram a pontapés em monitores, guitarras (e cabeças) partidas, mas não impediram um grande concerto.

Após um intervalo de vinte minutos, a segunda parte do espetáculo é composta por uma sessão de resposta a perguntas da audiência (através de cartões preenchidos à entrada do espetáculo). Durante quase uma hora, tivemos perguntas muito variadas sobre a carreira musical (porque saiu dos Iron Maiden ou como mantém a saúde da voz durante as tours), sobre a pilotagem de aviões (se já terá visto OVNIs e onde ficámos a saber que já passou, inadvertidamente, um álbum inédito dos Iron Maiden para o controlo de tráfego aéreo de Roma), ou mesmo sobre quem considera o melhor Monty Python (a inclinação caiu para Michael Palin).

A despedida foi feita com interpretação a capella do refrão de "Chemichal Wedding" pedida no último cartão-pergunta.

Se os fãs terão adorado este espetáculo, temos a certeza que até alguém pouco ou nada conhecedor de Bruce ou dos Iron Maiden, sairia da Aula Magna bastante satisfeito por ter passado mais de duas horas a rir.

Fotografia: Graziela Costa
Texto: Miguel Lopes