Calema em entrevista: "Para nós é sempre um orgulho cantar em português e representar a Lusofonia"


Calema em entrevista: "Para nós é sempre um orgulho cantar em português e representar a Lusofonia"

Os Calema vão estar no próximo dia 13 de abril no Coliseu dos Recreios e a Noite e Música quis saber quais as expetativas dos irmãos, António e Fradique, para a estreia, já esgotada, na Capital. Em entrevista, a dupla falou da maneira como Portugal os recebeu, do enriquecimento que os obstáculos lhes trouxeram e contou, também, como foi a experiência de gravar "Casa de Madeira" na Islândia.

Não é propriamente comum encontrarmos dois irmãos com a mesma vontade de fazer música. Como é que esta relação com a música começou? Partiu de um de vocês ou foi acontecendo?

António: Nós costumamos dizer que foi a música que nos arrastou, ela é que nos escolheu. O que somos hoje é como se fosse uma manifestação da música. Tudo começou em São Tomé, nós cantávamos lá quando íamos para a praia, para o mato, e, entretanto, as pessoas ao nosso lado começaram a dizer-nos que gostavam de nos ouvir. Nós já cantávamos nas nossas escolas mas realmente começou a ser algo mais sério quando começamos a cantar juntos.

Houve muitos contratempos na vossa relação com a música, várias vezes tiveram que abdicar de fazer música por circunstâncias que aconteceram na vossa vida. Sentem que isso vos fez querer mais e continuar a perseguir a música?

Fradique: Os contratempos ajudaram-nos a ser aquilo que somos hoje. Essas barreiras mostraram-nos onde tínhamos que melhorar e onde faltava alguma coisa. Hoje, para sermos os Calema, nós tínhamos que ter passado pelas mesmas dificuldades e por esses contratempos. Isto fez-nos crescer bastante em todos os sentidos. A existirem, esperamos que existam contratempos destes que sirvam para melhorar o nosso trabalho, para que o público continue a gostar da nossa música.

Os Calema têm entrado aos poucos no panorama da música em Portugal. Têm sentido alguma dificuldade em fazer parte deste universo de música em Portugal?

António: Felizmente nós fomos muito bem recebidos aqui em Portugal. O público recebeu-nos de braços abertos e isso foi essencial para nós. É espetacular cantarmos em português e sermos tão bem acolhidos nos sítios onde vamos cantar, as pessoas falam connosco e parabenizam-nos pela nossa música.

Em que momento sentiram que o público Português vos acarinhava e sabia quem vocês eram? Houve alguma música ou ponto que marcasse essa fase?

Fradique: Nós recebemos carinho desde o início mas sentimos que estávamos mais presentes aqui em Portugal com o lançamento da música "Vai" e depois com "A Nossa Vez". Foi a partir destes lançamento que começamos a sentir que as pessoas cantavam mais e realmente nos conheciam pela nossa música. Para nós é sempre um orgulho cantar em português e representar a Lusofonia. Sentimos que ao cantar em português ajudamos a criar laços e a unir os países que falam esta língua.

A Nossa Vez foi lançado em outubro de 2017 e é o vosso mais recente disco. De que se trata este último trabalho?

António: A Nossa Vez é um álbum onde está presente, em forma de canção, a nossa caminhada. Um disco onde colocamos muita sinceridade, quer nas letras, quer na sonoridade. É como se viesse de dentro de nós, como se fosse parte de nós. Convidamos todos os leitores a ouvir e viver connosco esta viagem.

O vosso último vídeo foi gravado na Islândia. Porque gravar "Casa de Madeira" lá?

Fradique: Assim que começamos a fazer as primeiras composições melódicas da "Casa de Madeira" sentimos que havia espaço e mistério nesta canção. Perguntamos à nossa equipa o que eles achavam de gravarmos na Islândia e todos gostaram da ideia. Nós ficamos lá cinco dias e foi uma experiência magnífica! Casou inteiramente com a música e, por onde quer que andássemos, havia sempre um lugar novo, diferente e especial para gravar. Foi um desafio, para nós e para a equipa, sair de Portugal e aventurámo-nos assim na Islândia. Esta viagem veio trazer uma luz e cor diferente ao próprio álbum!

A tour "Nossa Vez" chega ao Coliseu dos Recreios no dia 13 de abril. Palcos grandes não são novidade para vocês mas quais são as expetativas para este dia?

António: Muitas expetativas! Há dez anos estávamos em São Tomé, tocávamos na selva e via-mos os aviões a passar… E agora vamos atuar no Coliseu dos Recreios! É um orgulho para nós fazer história por sermos os primeiros santomenses a atuar neste Coliseu em Lisboa. É sempre um grande momento podermos atuar e estar à frente de milhares de pessoas! Estamos muito ansiosos e as expetativas estão verdadeiramente altas!

"O segredo de um vencedor é acreditar na vitória e destruir barreiras com a fé". Esta frase está na vossa descrição nas redes sociais. É este o segredo de um vencedor?

Fradique: É acreditar na vitória e destruir barreiras com a fé, sem dúvida! Nós temos também outra frase que carregamos connosco que é: "Cada passo é uma conquista e, em cada degrau, uma nova vista". O nosso percurso tem sido assim. Um acreditar enorme que nos tem trazido até aqui. Sem dúvida que o público contribui bastante para este crescimento do projeto e nós temos sempre presente a fé. Em tudo o que fazemos é preciso lutar e ter garra, acreditar. Porque, se não acreditarmos, essa luta deixa de fazer sentido. Esta nossa filosofia de vida é aquilo que somos e a frase que citaste é puramente verdade!

Entrevista: Daniela Fonseca