Patti Smith lendária no Vodafone Paredes de Coura: Apaixonada e poética como nos primeiros tempos


Patti Smith lendária no Vodafone Paredes de Coura: Apaixonada e poética como nos primeiros tempos

Poder ver uma figura destas em solo português é sempre uma honra. Patti Smith continua aos 72 anos pujante como no tempo de Horses (1975), célebre obra do punk-rock americano dos anos 70 e que marcou gerações. De volta a Portugal após a presença em 2015, apresentou-se de chama na alma e exuberância na voz.

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Usando um pouco do seu estatuto de lenda viva e referência artística, Patricia Lee Smith procura conjugar os seus concertos com mensagens de intervenção e luta contra a opressão. "People Have the Power" de Dream Of Live (1988) abriu o espetáculo e incitou à revolução, relembrando o valor da liberdade que hoje tomamos como garantida.

"Use your voice, we can change the world!". Uma mensagem de empoderamento ao povo, que tem a capacidade de mudar o status quo se assim o quiser, aproveitando ainda para criticar a onda nacionalista crescente e fraturante no mundo.

Ao histórico Horses (1975) foram concedidas as rédeas do momento seguinte, através de "Redondo Beach" que encontra no reggae a sua vibe principal. Ainda do mesmo álbum foi tocada "Gloria" que fechou o espetáculo em beleza.

Se Patti é grandiosa também o deve aos seus pares. Jimi Hendrix foi evocado, pelo habitual cover da "Are You Experienced?" que figura no álbum de covers Twelve (2007). Neil Young também foi convocado pelo clássico "After The Gold Rush". Momento de recordar os 50 anos do festival Woodstock e assistir ao tributo aos Rolling Stones com "I'm Free" em medley com "Take a Walk On The Wild Side" de Lou Reed, à medida que ia repetindo "Fucking peace and love".

O fim da atuação foi comovente, de deixar uma lágrima do canto do olho até dos menos sensíveis. "Because The Night" conseguiu por toda a plateia a cantar, desde os devotos da primeira fila até aos mais comedidos das filas traseiras.

"You're the best, just the best" disse Patti Smith com a voz emocionada. O Vodafone Paredes de Coura mostrou este ano que não é só um festival de descoberta de talentos. Também sabe acolher quem tanto deu à história da música (arriscaria história da humanidade, dado o grau de envolvimento da artista em causas sociais e políticas) e que garantiu um lugar nos corações daquele mágico festival.

Equipa Noite e Música Magazine no Vodafone Paredes de Coura
Fotografia: Júlia Oliveira
Textos: Gonçalo Neves
Edição: Nelson Tiago