Optimus Primavera Sound '13: 2º dia, 31 de maio


blurprimaveraAo segundo dia do Optimus Primavera Sound, as pessoas eram em maior número no parque da cidade e o frio era um pouco menos intenso que na noite anterior. No palco Optimus os portugueses Memória de Peixe, abriram as hostes com a sua música instrumental que podemos encontrar registada num disco homónimo lançado ainda em 2012, enquanto no palco ATP os Ghost Digital não encantavam com a sua eletrónica. Mais tarde já no palco Super Bock, tempo de Neko Case, se apresentar ao publico português pela primeira vez. A plateia que se deslocou para a ouvir era pequena, esta cantora country/folk americana é ainda desconhecida entre nós, mas volta a Portugal já no próximo mês de novembro para apresentar o seu novo álbum que verá a luz do dia ainda este ano, e quem sabe para voltar a comer mais um pastel de nata.

Com um silêncio entre as atuações, muito diferente de outros festivais, que nestes tempos mais "mortos" debitam habitualmente decibéis de publicidade inútil, o Optimus Primavera Sound é um festival diferente. Centenas de pessoas, como se de um pic-nic gigante se tratasse estendem as suas mantas na colina verdejante que cria um anfiteatro natural ao palco Optimus,enquanto esperam por atuações ou simplesmente para as assistir. Eram cerca das 20h, o sol punha-se no horizonte e respirava-se calma num recinto bastante bem composto, enquanto se esperava que os Local Natives subissem ao palco, e fizeram-no sob uma luz tão típica dos finais de tarde desta altura do ano, talvez o cenário ideal para o indie rock destes originários de Silver Lake, Los Angeles. Os americanos mostraram-se encantados com a cidade e o publico encantado com eles. À mesma hora Daniel Johnston fazia ecoar as suas canções rock melancólicas no palco ATP.  Pelo meio uns Swans, iguais a eles próprios, no palco Super Bock.

Mais tarde era a francesa Melody Prochet com o seu projeto Melody's Echo Chamber a pisar o palco Pitchfork, e a revelar-se uma belíssima surpresa ao vivo, depois do belo disco lançado em 2012. Uma belíssima forma de abrir apetite para os Grizzly Bear, que iniciaram a sua atuação com "Speak in Rounds", numa altura em que cada vez mais gente se juntava em frente ao palco Optimus para os ver e ouvir. Os americanos deram um bom concerto mostrando uma pop mais-que-perfeita capaz de nos fazer sonhar.

No palco Pitchfork uma descarga de energia em palco acontecia por conta dos canadianos Metz, e do rock enérgico do seu álbum de estreia. Uma banda que parece estar permanentemente ligada à corrente apresentou temas como "Rats" ou "Negative Space", que deixaram o público presente perto da apoteose, a ponto de dois jovens terem invadido o palco criando um momento algo cómico, com um segurança a tentar detê-los. Os canadianos mostram-se satisfeitos pela entrega do público e continuaram a debitar a sua energia em palco justificando na perfeição o facto de serem conhecidos como "explosiva banda ao vivo".

Enquanto se esperava pelos Blur, provavelmente os causadores de tamanha enchente ao segundo dia de festival, os Four Tet iam animando as hostes e punham o público a dançar no palco Super Bock.

Mas foi quando Damon Albarn e os seus Blur subiram ao palco Optimus ao som de "Girls & Boys", que aconteceu um dos momentos altos da noite e provavelmente de todo o festival. A última vez que os britânicos passaram por Portugal foi há dez anos e este regresso em formato best of era à partida uma aposta ganha. Muitos foram os que recordaram ao longo de temas como "Beetlebum", "There’s no other way" ou "Park Life", pedaços dos idos anos 90 e da sua adolescência.  Por esta altura já muitos trauteavam e saltavam ao som das canções dos ingleses. Em "Coffee and TV" houveram fans mais devotos que decidiram embelezar a multidão com 2 pacotes de leite gigantes, iguais aos do videoclip do tema.

"Country House" cantada no meio do publico das primeiras filas e "End of a century" também fizeram parte do alinhamento.  Antes de "This is a low" tempo para Albarn a dedicar a todos nós portugueses "pela sua relação com mar e coisas assim", fazendo soltar algumas gargalhadas entre o público. Os Blur ao contrário de Nick Cave and The Bad Seeds, tiveram direito a encore, e Damon Albarn haveria de voltar ao palco com uma coroa de flores na cabeça (adereço muito usado pelas meninas durante todo o festival. E haveria melhor adereço de celebrar a primavera?) para interpretar "Under The Westway", "For Tomorrow", e a belíssima "The Universal" com milhares de braços estendidos até ao céu, antes de encerrar o concerto mais aguardado do festival com a explosiva "Song 2", que levantou uma enorme nuvem de pó que ficou a pairar sobre o recinto à medida que o público que lotou o parque da cidade desmobilizava em direção a um merecido descanso.

Fotos: Gustavo Machado
Texto: Ana Isabel Soares