O brilho e cor de Alison Goldfrapp e a pujança de Baby Keem no arranque da 10ª edição do Primavera Sound Porto


O brilho e cor de Alison Goldfrapp e a pujança de Baby Keem no arranque da 10ª edição do Primavera Sound Porto

Arrancou, esta quarta-feira, a 10ª edição do Primavera Sound Porto, marcada por algumas mudanças na estrutura do recinto, sendo a mais notória e igualmente controversa, a nova localização do Palco Porto, palco principal desta edição, agora desprovido do seu anfiteatro natural.

Beatriz Pessoa inaugurou o Palco Porto e apresentou o seu álbum mais recente Prazer Prazer. No seu estilo Pop, com toques subtis de Bossa Nova e MPB, Beatriz trouxe doçura a uma tarde bem cinzenta e, com "Lança Perfume", numa homenagem a Rita Lee, convidou o público ainda irrequieto, a desacelerar na véspera de feriado. A Georgia coube a abertura do Palco Vodafone, palco secundário do Primavera Sound 2023, que beneficia agora do anfiteatro natural do antigo palco principal. Num final de tarde onde o sol decidiu espreitar timidamente por alguns minutos, os presentes estenderam as suas toalhas na relva e, com descontração deram as boas vindas ao primeiro de quatro dias de festival.

Perto das 20h, Alison Goldfrapp, subiu ao Palco Porto, com frescura, sedução e brilho para apresentar o seu primeiro trabalho a solo, The Love Invention. No seu estilo electropop, a artista britânica, trouxe luz e cor a um primeiro dia bem cinzento e abriu a pista de dança com "Love Invention". Do novo álbum ouviram-se, ainda, "Gatto Gelato", "So Hard So Hot", "In Electric Blue" e "Never Stop". No entanto, foram os temas celebrizados com Will Gregory há 20 anos atrás, que fizeram o público vibrar. Reconhecendo isso mesmo, Alison Goldfrapp interagiu com o público e pediu para que dançassem ao ritmo de "Train", "Rocket", "Oh La La" e "Ride A White Horse", velhas conhecidas do público. "Strict Machine" dos Goldfrapp e "Fever" do seu trabalho a solo, encerraram a pista de dança.

Alison Goldfrapp - Primavera Sound Porto 2023

Entretanto no Palco Vodafone, Holly Humberstone, artista e compositora britânica, com influências notórias de Damien Rice, Ben Howard e Haim, serenou os corações do público com a sua voz doce e apaziguadora. Agora sim, o público estava com as baterias carregadas para Baby Keem e Kendrick Lamar, os concertos mais esperados da noite.

Baby Keem, rapper norte-americano, subiu ao palco pelas 22h e, com "Trademark", o recinto nunca mais foi o mesmo. Sozinho em cima do palco, Baby Keem foi grande e levou o público ao rubro durante todo o concerto. Numa explosão de energia, ouviram-se temas como "Hooligan", "Honest", "Orange Soda" e "Range Brothers". "Naked Freestyle", "Praise God" e "Vent" foram os temas mais cantados durante o concerto, mas foi com "Family Ties", último tema da noite, que o recinto pegou fogo e nem a chuva persistente e teimosa foi suficientemente forte para o controlar. Pela primeira vez na cidade do Porto, Baby Keem sentiu-se em casa e retribuiu o carinho da família portuguesa, despedindo-se com um sentido "I love you".

O caminho estava mais do que preparado para Kendrick Lamar, cabeça de cartaz do primeiro dia do festival. No entanto, a espera de mais de uma hora e a chuva torrencial que se fez sentir, arrefeceram os ânimos e dispersaram um público efervescente. Já passava das 0h20, quando se ouviu "N95" e o público, que se encontrava abrigado da chuva, começou a correr em direção ao palco. Ouviram-se "ELEMENT.", "A.D.H.D" e "King Kunta", mas a chuva venceu pelo cansaço e arrefeceu o ambiente criado por Baby Keem. Kendrick Lamar cantava "Nosetalgia", quando os mais resistentes começaram a abandonar o recinto. Ouviram-se ainda "Bitch, Don't Kill My Vibe" e "Alright", num ambiente morno e que só aqueceu na reta final, quando Baby Keem subiu ao palco para, num dueto com Kendrick Lamar, voltarem a cantar "Family Ties". Encerrou-se, assim, o Palco Porto, ficando um sabor agridoce neste primeiro dia de festival e num dos concertos mais esperados que, pela chuva e condições do recinto, acabaram por não superar as expectativas.

Fotografia: António Teixeira
Texto: Ana Rosinhas