NOS Alive'24, dia 2. Produtos, cópias e os originais


NOS Alive'24, dia 2. Produtos, cópias e os originais

O segundo dia do NOS Alive 2024 era bem diferente do primeiro, com um público muito bem definido, à espera da única headliner Dua Lipa, e os restantes a manterem-se fiéis ao palco Heineken.

Foi no Heineken que tivemos a animação e as descobertas de hoje. Ao contrário do concerto de Unknown Mortal Orchestra no dia anterior, os The Heavy começaram em força! Os ingleses mostraram a sua coolness experiência de uma daquelas bandas de pubs e pequenas salas. O seu funk rock conquistou a plateia desde o início, com o vocalista Kelvin Swaby a puxar pela audiência desde o início com o seu "ask and respond".

E a vibração continuou com as manas Larkin Poe, nascidas e criadas no Sul dos Estados Unidos. O seu Southern rock transportou-nos para um qualquer 'rodeo' apinhado de rednecks. A slide guitar e as vozes com o sotaque característico convidavam à line dance e o público continuava animado à espera dos(as) favoritos(as).

Larkin Poe @ NOS Alive 2024

Larkin Poe @ NOS Alive 2024

Avançando pelo interior do USA, chegamos a Denver, Colorado e ouvimos Nathaniel Rateliff & The Night Sweats. Esta big band vai também buscar às raízes do gospel, folk e blues americanos a sua música cheia de sentimento. Valeu ainda pela inspirada versão de "Dancing in the Dark" de Bruce Springsteen.

Numa primeira saltada ao palco principal, encontramos o 'ovni' Ashnikko, um produto criado pelo TikTok que assenta na hipersexualização da imagem e letras para atingir um público seguidor de outras artistas semelhantes. Tendo aproveitado colaborações com artistas como Doja Cat, Kelis, Princess Nokia ou Lady Gaga e apostando numa imagem vinda do K-Pop a americana Ashton Casey tem subido a pulso e apresentou-se praticamente sozinha em palco (a espaços com duas bailarinas) com música gravada e a tentar agradar ao já considerável following da primeira fila.

Talvez aproveitando a presença de Ashnikko, a substituição da desistente Tyla foi feita por Arlo Parks (atual namorada de Ashnikko), que para muitos elevou o cartaz da noite. A londrina entreteu com o seu indie pop mais fofinho que a anterior presença em palco mas não convenceu.

Em contraste, no palco Heineken a norueguesa Aurora demonstrava o que pode ser a música, não como produto, mas sim como expressão artística. E também como o femininismo não precisa de ser hipersexualizado para demonstrar a força e independência das mulheres. Influenciada pelo synth pop de Björk ou a pop de Kate Bush ou Florence Welch, Aurora conquista a plateia que, em massa encheu o palco secundário.

Aurora @ NOS Alive 2024

Aurora @ NOS Alive 2024

Ainda antes do prato principal da noite, Michael Kiwanuka manteve o Heineken a abarrotar (apesar de algumas desistências com o aproximar do concerto da noite). O britânico de origens ugandesas, consegue cativar com seu folk/soul suave carregado influências/ativismo da black music americana. Não faltaram os seus maiores êxitos como "Hero", "Cold Little Heart" (o tema da série "Big Little Lies") e uma versão de sete minutos de "Love & Hate".

Michael Kiwanuka @ NOS Alive 2024

Michael Kiwanuka @ NOS Alive 2024

No palco principal, chegou por fim a mais esperada da noite: Dua Lipa com um espetáculo em 5 atos, com vários cenários e muitos bailarinos a demonstrar que já é um produto muito mais refinado e oleado que outros anteriores. A britânica de origens albanesas, trouxe a sua Radical Optimism Tour, carregada de hits, colaborações com os DJs/produtores da moda e ainda um cover de Elton John ("Could Heart"). A noite não dia deixar de acabar em festa com "Houdini" e estavam satisfeitos os muitos que não arredaram pé só para este momento.

Dua Lipa @ NOS Alive 2024

Dua Lipa @ NOS Alive 2024

Texto: Miguel Lopes
Noite e Música Magazine no NOS Alive com o apoio dos hotéis GAT ROOMS