Melody Gardot ao vivo no EDP Cool Jazz [fotos + texto]


Melody Gardot ao vivo no EDP Cool Jazz [fotos + texto]

Na noite em que a 12ª edição do EDP Cool Jazz se despediu dos Jardins do Marquês de Pombal a estrela máxima foi, a repetente Melody Gardot.

A primeira parte ficou a cabo do também repetente Pierre Aderne, cantor e compositor carioca que possui uma costela portuguesa (a do lado do pai). Uma plateia muito bem composta acompanhou a sua entrada em palco com uma declamação onde "Lisboa" e "Fado" foram palavras contempladas. O brasileiro reside no nosso país há aproximadamente 3 anos e a paixão pela capital e pelos nossos músicos é notória nas várias introduções que o artista faz antes dos seus temas. O "Fado dos Barcos" serviu para mostrar a admiração de Pierre por Cuca Roseta (com quem dividiu o tema original), para afirmar que "Os brasileiros nunca vão escrever ou cantar fados, apenas fadinhos" e ainda para conseguir cativar toda a atenção do público. O espetáculo prosseguiu focado principalmente nos temas de Caboclo (último trabalho editado), por entre registos que roçavam o jazz e a bossa-nova. Culminou com "Guia (composto e escrito para António Zambujo), "Só Pra Ver Ela Passar" (uma versão da "Garota do Ipanema" com piri-piri), "Fado do Ladrão Enamorado" (música de Rui Veloso e escrita por Carlos Tê) e "Limoeiro" (tema composto conjuntamente com a americana que iria pisar o palco de seguida).

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Na bagagem Melody Gardot traz Absence, editado em 2012 e onde as ruas de Lisboa serviram de inspiração. Vestida de preto e de óculos de sol (imagem já típica) é com "Interlude 12/8" que a americana entra em ação com o seu estilo único. "Olá Lisboa! Muito obrigada por esta noite, é fantástico estar em palco para vocês" foram as palavras que serviram para iniciar a primeira de muitas comunicações com o público, num português perfeitamente percetível. Seguiram-se "She Don't Know" e "Bad News" são motivos mais que suficientes para perceber o motivo de Gardot ter o peso que tem no panorama musical atual. Para além de famosas composições, e um timbre delicioso, Melody também domina alguns instrumentos e o momento em que se senta ao piano e mostra-nos "March for Mingus" tendo transportado o público para os primórdios do mundo jazzista.

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O público mostrou-se muito atento ao espetáculo e a cada gesto de Melody Gardot. A qualidade musical era inquestionável e o fantástico trio de instrumentos de sopro simetricamente coreografado eram a cereja no topo do bolo. O ambiente era único e pela plateia muitos foram os que aproveitaram para namorar. No seu último trabalho a artista inclui um tema que homenageia a capital; "Lisboa" e fez as delícias do público, fazendo ecoar pela primeira vez as vozes. Esta cidade é uma das escolhas para Gardot passar férias. Por cá tem alguns amigos e o último tema fez com que se sentisse em casa, faltava apenas "um copo de vinho". E ele chegou, juntamente com Pierre Aderne que partilhou os vocais de "Baby I'm a Fool". Sentimo-nos numa sala de estar gigante onde a intimidade destes dois amigos despertou novamente a plateia.

"Who Will Confort Me" foi o tema que antecedeu o encore mas conseguiu arrancar o público das cadeiras, pedindo mais e "It Gonna Come" serviu para encerrar o espetáculo de forma muito positiva após quase 100 minutos de boa música.

Já a caminho do fim, o EDP Cool Jazz viveu uma noite única com Pierre Aderne e Melody Gardot; dois grandes artistas que têm uma forte admiração pelo nosso país e que provam que a amizade produz boa música.

Fotos: Carlos Carvalho
Texto: Bruno Silva