Mark Lanegan no Lisboa ao Vivo: "All Hail Mr. Lanegan!"


Mark Lanegan no Lisboa ao Vivo: "All Hail Mr. Lanegan!"

Foi das brumas de uma Lisboa cheia de nevoeiro que saiu Mark Lanegan e a sua voz grave e intensa, qual cavaleiro solitário que se apresenta para o duelo mortal.

Depois de uma primeira parte com o country rock do australiano Simon Bonney a entreter uma sala ainda despida de público, foi perto das 22 horas que Mr. Lanegan começou o concerto para um Lisboa ao Vivo não tão cheio como seria de esperar (reflexo da noite de futebol lá para os lados da Luz?).

O início foi num registo mais dançável presente em Somebody's Knocking, o último álbum saído este ano. "Disbelief Suspension" e "Letter Never Sent" fazem abanar mais a anca do que a cabeça, para depois a negritude do baixo e sintetizadores nos levarem para territórios mais góticos com "Nocturne". Do anterior álbum ouvimos "Sister" e "Beehive", e recuamos a 2004 com "Hit The City” numa onda mais hard rock.

"Stich It Up" e "Night Flight To Kabul" indiciam uma onda entre a new wave e o industrial sugerido também pela t-shirt dos Bauhaus da teclista. "Burning Jacob's Ladder" é uma murder ballad onde o sangue jorra pelas guitarras e que joga bem, com uma cover dos amigos Dead Combo tocada para os próprios, presentes na plateia.  As incursões pelo blues continuam com "Bleeding Muddy Water" e ouvimos ainda as The Twilight Singers na cover "Deepest Shade".

Nunca recuando para discos anteriores a 2004, vamos passeando pelo novo álbum até chegar ao maravilhoso gospel "Death Trip To Tulsa" antecedendo o encore.

Pouco comunicador, como habitualmente, Lanegan apenas vai deixando alguns agradecimentos, apresentações da banda e deixando brilhar os solos guitarrista, nunca se afastando da coolness de um old rocker.

O encore começa com o dueto entre Lanegan e a teclista na balada "Come to Me", passa pela pouco enquadrada "Playing Nero" e termina com "The Killing Season".

Não sendo, talvez, o melhor concerto de Lanegan entre nós (o formato dançável do último álbum não agradará a todos), todos terão saído satisfeitos e muitos ficaram para a compra de merchandising e meet&greet com o artista.

Fotografia: Vítor Barrros @ Arquivo Noite e Música Magazine
Texto: Miguel Lopes