Mimicat em entrevista: "Gosto de cantar com voltinhas e trejeitos"
Já conhecem a Mimicat? Estivemos à conversa com Marisa Mena, a mulher por detrás da máscara da mais recente aposta da indústria musical.
Noite e Música – Quem é a Marisa Mena?
Mimicat – É a pessoa por detrás das canções e das letras da Mimicat. Sou a base dela, um bocadinho menos excêntrica e mais recatada.
NM – E quem é então a Mimicat?
M – É a artista… Mais despreocupada, não tem receio de ser atrevida e ambas fazem aquilo que eu sou. Sempre gostei muito de música, desde os 9 anos que sempre tive a música muito presente na minha vida, gravei o meu primeiro disco… Para mim a música na minha vida é perfeitamente normal, uma parte integrante do meu dia a dia.
NM – Como nasceu o Jazz na tua vida?
M – Um dia ouvi uma música numa rádio chamada "Bedda at Home" da Jill Scott e gostei muito da mistura de Jazz com R&B o que me fez ir procurar e descobri que o que eu gostava mesmo era daquele Jazz e Soul mais antigo dos anos 70. Também gosto de funk mas já não é o que me inspira. Encantam-me as orquestrações, as vozes que eram puras e sensacionais naqueles anos.
NM – Quais as tuas referências musicais?
M – Como cantora admiro muito a Ellie Fitzgerald, não é que eu seja conotada como uma cantora meramente jazzista mas é a minha grande referência porque para mim é "a cantora". Acho que nunca haverá uma cantora em todos os aspetos como ela. A Jill Scott para mim também é uma referência no R&B. Misturei tudo o que gosto e desde pequena que sempre fui desenvolvendo a minha voz à minha maneira. Gosto de cantar com voltinhas e trejeitos. Nunca cantei muito linearmente. A nível musical gosto muito de Ray Charles, de Stevie Wonder, e também de algumas coisas novas como por exemplo Jamie Cullum, John Legend, Fiona Apple… Tudo o que tu vais ouvindo te influência.
NM – Como está a ser a recetividade de For You; o álbum de estreia?
M – Está a ser muito melhor do que estava à espera. Quando se faz um disco nunca podemos agradar a todos no entanto o feedback que tenho recebido tem sido muito positivo, ainda não tive uma única crítica negativa ao disco, apesar de estar confiante de que ela há de chegar. As pessoas que compraram o disco e ficaram a conhecer a Mimicat têm comentado no facebook e têm dito maravilhas o que me deixa super entusiasmada. Fazes um disco e as pessoas que estão contigo podem partilhar o mesmo tipo de sentimento mas falta saber a avaliação das pessoas que estão de fora, que não estão envolvidas no projeto e estas têm-se identificado muito com as canções e enchem-me de elogios.
NM – Como é que o descreves?
M – É um trabalho muito honesto. Não foi nada pré-programado. No disco tens vários estilos cruzados, nada é muito linear e surgiu tudo de uma forma natural. A nível musical foi produzido por mim e pelo Sérgio Cunha e depois os músicos deram o seu excelente contributo e na verdade tem um cunho pessoal de todos os que participaram no trabalho. A nível sonoro tem também a participação do Luís Caldeira que fez um excelente trabalho de captação e misturas. É repleto de amor e entrega e reflete as minhas influências… Não lhe consigo colocar um rótulo. Jazz não é de certeza, tem muito de Soul e de Blues.
NM – Em que te inspiras?
M – Tudo serve de inspiração para mim sem pensar nisso. Dou por mim a criar música sem me aperceber da verdadeira fonte de inspiração. Há outras situações em que presencio algo e penso que tenho mesmo que escrever uma música sobre isto. Isso aconteceu-me neste disco e já tenho músicas também para um próximo… Escrevo muito sobre a minha relação com as pessoas e com o meu companheiro, sobre o amor em geral, sobre a desconstrução das relações, histórias de amigos ou até que ouvi na rua, filmes… Tudo me inspira e o próximo disco será ainda mais auto-biográfico.
NM -O mercado da música em Portugal tem espaço para o jazz/soul?
M – Acho que sim. Portugal apesar de ser um país pequenino ainda vive um bocadinho numa herança cultural que desconhece este tipo de música e quando as pessoas ouvem algo dentro deste género acham que é diferente, gostam e reagem bem. As pessoas gostam de novos projetos, coisas frescas… Às vezes o bloqueio vem um pouco dos formadores de opinião que colocam esses estereótipos que acabam por colocar entraves às pessoas. Não é o meu caso, tenho tido imenso apoio e interesse por parte dos media e a mensagem tem sido muito bem passada. Mas Portugal é pequeno, para conseguires viver da música tens que ter um bom trabalho e trabalhar muito para manter este ritmo. Por isso a internacionalização é uma ambição que tenho. Vamos ver como corre aqui e depois vamos tentar aventurar-nos lá fora… Aliás a "Tell Me Why" já passa nalgumas rádios no estrangeiro.
NM – quais são os teus planos e projetos para o futuro?
M – Promover, promover, promover… Fazer passar a mensagem de quem é a Mimicat e do meu trabalho. Depois é fazer muitos concertos ao vivo onde quero que as pessoas saiam da sala felizes por terem tido um bom espetáculo, cheios de energia e boas vibes. Para já fazer grandes concertos e uma boa promoção do disco, o resto virá por acréscimo. A longo prazo é sem dúvida a internacionalização.
Entrevista: Bruno Silva
Inserido por Redação · 05/11/2014 às 16:47