DJ Oder em entrevista: "No fundo o que interessa é ser criativo e trazer algo de diferente"


DJ Oder em entrevista: "No fundo o que interessa é ser criativo e trazer algo de diferente"

Depois de alguns anos de carreira e de ver vários dos seus temas a serem tocados por artistas como Jay Z e Steve Aoki, estivemos à conversa com DJ Oder. O DJ e também produtor falou-nos da sua carreira e dos obstáculos do Drum & Bass em Portugal.

Noite e Música (NM): Em que momento da tua vida decidiste que era o caminho da música que querias seguir?
DJ Oder: A partir da adolescência comecei logo a colecionar discos e a dar os primeiros passos na produção com amigos, mas só alguns anos mais tarde é que decidi fazer da música o meu modo de vida. Não houve um momento específico foi algo que aconteceu naturalmente e gradualmente até que em 2006 juntamente com a minha "partner in crime" abri a Zona 6 uma loja dedicada á venda de discos de Drum & Bass, dubstep, hip hop, funk ou reggae e na altura com um serviço único no país, a gravação de vinil à unidade. Tudo isto aconteceu antes de ter lançado o meu primeiro single "Night Vision" que saiu em 2009 numa editora britânica com edição em vinil e todas as plataformas digitais.

NM: Drum & Bass, Trap, Dubstep, Bass Music. Porquê estes estilos de música e não outros? Foi uma escolha ponderada ou é simplesmente o ritmo que corre nas tuas veias?
DJ Oder: O estilo de musica de eleição desde muito cedo foi o Drum & Bass, talvez seja pela grande variedade que tem ou por absorver influências de todo o tipo de música. Pode ser complexo ou minimal, eufórico ou melancólico… acho que pode acompanhar qualquer momento da semana e do fim de semana, claro!

NM: Achas que são sonoridades que têm vindo a crescer? Em que sentido?
DJ Oder: Nos últimos anos têm vindo a entrar alguns temas Drum & Bass nas rádios nacionais o que é um sinal positivo, mas no geral estes géneros continuam a ser considerados "underground". Há uns anos vieram dezenas de artistas internacionais ao Porto e Lisboa e o "movimento" estava mais dinâmico, pode ser que um dia volte a acontecer, até lá irão haver produtores e DJ's que vão continuar a puxar estas sonoridades estando dentro ou fora de modas.

NM: Como é que foi a tua primeira atuação enquanto DJ? O que sentiste durante a performance?
DJ Oder: Acho que a primeira atuação foi no Meia Cave, na Ribeira do Porto com um "projeto" de hip hop em que era DJ e produtor, lembro me que não correu mal, mas também me lembro que era tudo muito rudimentar e básico, disso lembro-me! Também devia estar um bocado "stressado" por ser a minha estreia e por ter alguma família por lá (risos).

NM: Quais são as tuas referências musicais?
DJ Oder: Todos os anos vão mudando mas o fio condutor sempre foi uma mistura de Drum & Bass, hip hop, funk, reggae, dub, eletrónica e outras coisas dentro dos géneros. Nomes como Rage Against The Machine, Prodigy, Asian Dub Foundation, Aphrodite, Roni Size, Wu Tang, Busta Rhymes, Massive Attack ou Aphex Twin fizeram parte do percurso inicial. Hoje em dia as preferências principais dentro do meu género são produtores como Sub Focus, Metrik, Tantrum Desire, Document One, entre muitos outros.

NM: DJ e também produtor. Como é que estas áreas se complementam na tua vida?
DJ Oder: A produção e o lado DJ estão completamente ligados! No meu caso 90% das músicas que faço tenciono passar ao vivo em algum momento durante as atuações que tenho, os restantes 10% são para músicas mais "easy listening" que também gosto de produzir para serem ouvidas em casa, no carro mas também em clubes. O digital trouxe a facilidade de se poder fazer ou gravar uma música com um computador e na semana seguinte para não dizer no dia seguinte estar a ser tocada na rádio ou discoteca! A única desvantagem é a enorme quantidade de opções que existem hoje em dia para criar e compor música, mas no fundo o que interessa é ser criativo e trazer algo de diferente.

NM: Hoje tens temas originais e remixes que são tocados por nomes como Steve Aoki e Jay Z, como é para ti ver isto a acontecer?
DJ Oder: Sem dúvida que foi algo completamente inesperado e marcou uma altura importante no percurso que tenho feito como Oder! Ás vezes nem sei como foi possível tal acontecer mas ajudou a dar motivação e acreditar que se trabalhar, as oportunidades irão continuar a surgir.

NM: Sabemos o teu reconhecimento internacional, em Portugal é mais fácil ou mais difícil chegar às pessoas?
DJ Oder: Torna-se um pouco mais difícil, talvez por existirem poucas editoras, produtores, DJ's e plataformas que promovam o género por cá, fora isso ao vivo acho que o Drum & Bass é um estilo de música que pode agradar a qualquer tipo de pessoa!

NM: Se te pedisse para escolheres um momento da tua carreira no qual sentiste mais adrenalina e satisfação pelo teu trabalho, qual seria?
DJ Oder: Provavelmente a altura em que Pendulum, Jay Z ou Steve Aoki tocaram música feita por mim. Também existem outros artistas que me fizeram acreditar ao incluírem alguns dos meus sons nos sets deles, é também sempre uma adrenalina quando se lançam músicas novas porque na realidade nunca se sabe quem pode vir a tocar a seguir. As atuações ao vivo também são sempre um momento de adrenalina ao longo dos anos!

NM: Para terminar e já que é ano novo, o que esperas e desejas para a tua carreira em 2017?
DJ Oder: Espero lançar um álbum ainda este ano! Estou neste momento a acabar e a compilar vários temas que tenho vindo a produzir nos últimos tempos. Também espero que o próximo single que sai já dia 27 de janeiro tenha um bom feedback por parte dos DJ's e do público em geral.

Entrevista: Daniela Fonseca