Zélia Duncan e Zeca Baleiro ao vivo no Coliseu do Porto [fotos + texto]


Zélia Duncan e Zeca Baleiro ao vivo no Coliseu do Porto [fotos + texto]

Um encantador concerto a dois que homenageou a música e os compositores de países irmãos.

Juntar amizades em palco parece ser a fórmula de sucesso deste ano. Caetano Veloso e Gilberto Gil, António Zambujo e Miguel Araújo, Zélia Duncan e Zeca Baleiro… um palco, vozes e violões, e pouco mais é preciso para o resultado ser um sucesso. Um princípio simples que, se bem executado, tem um resultado simplesmente único. Gera-se um ambiente intimista entre público e artista e forma-se um especial microclima, disfrutado por quem teve a sorte de o poder experienciar.

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Zélia e Zeca cantavam para o público e para eles próprios uma setlist composta por músicas escolhidas a dedo que homenageavam a música brasileira e os seus compositores. "Salve Martinho da Vila!" e as Mulheres, "Salve Accioly Neto!", interprete pernambucano d’A Natureza das Coisas e, para surpresa e encanto do público, Salve Pedro Abrunhosa e António Variações! Respetivamente, Zélia e Zeca interpretaram "Se Eu Fosse Um Dia O Teu Olhar" e a "Canção do Engate", e o coliseu ternamente acompanhou-os.

Os séculos de história conjunta entre Portugal e Brasil foram lembrados e relembrou-se a necessidade de não deixar que caiam no esquecimento. Depois de se ouvir "Alma", parceria de Zélia com Arnaldo Antunes, a cantora comentou que o Brasil podia aprender a fazer as coisas com mais alma, como os portugueses, agora mais do que nunca dada toda a atual conjetura do país. "Rezem por nós" pediu Zélia.

Num comentário menos político, Zeca também falou da conexão entre os dois países pela música. Lamentou que Portugal seja constantemente "bombardeado" com música brasileira quando, para além do fado, o inverso não acontece. Recordou que ficou com um projeto pendente na cabeça quando recebeu uma cassete com músicas de Fausto, Vitorino, António Variações, Sérgio Godinho, Abrunhosa, entre outros, de presente. "Qualquer dia vai acontecer", ficou prometido o seu desejo de mostrar o outro lado da música portuguesa ao Brasil.

Apesar de o espetáculo ser a dois, na passagem por Portugal, Tuco Marcondes, guitarrista e multi-instrumentista, foi convidado a integrar no concerto e deu outra dimensão a algumas interpretações como foi o caso de "Babylon" e "Bandeira".

Quando a noite chegou ao fim com "Catedral" e "Telegrama", todos abandonaram o Coliseu do Porto como quem abandona a casa de um casal amigo depois de um agradável serão pronto a ser repetido.

Fotos: António Teixeira
Texto: Henrique Caria