Vampire Weekend no Coliseu de Lisboa: Agora sim! Fez-se a festa no local apropriado!


Vampire Weekend no Coliseu de Lisboa: Agora sim! Fez-se a festa no local apropriado!

Este texto poderia resumir-se a "O nariz de Ezra Koenig deu um grande concerto!", pois os lugares disponibilizados pelo promotor apenas permitiam ver o primeiro metro de palco.

A imprensa não tem de ficar em lugares privilegiados mas deve poder fazer o seu trabalho em condições, podendo ver o que se passa em palco, ficando sem problemas no meio dos demais onde até se sente melhor o ambiente do concerto (como aliás acabou por acontecer, por iniciativa própria). Outra nota ainda para algo que nem costuma acontecer com este promotor, que foi a excessiva lotação permitida no concerto ou, pelo menos, a permissão para a presença de público nos corredores de circulação.

Mas adiante que o mais importante é a música! Depois dos dinamarqueses Liss entreterem o público na primeira parte, Ezra Koenig e a sua banda entraram à hora marcada para aquele que terá sido, sem poucas dúvidas o seu melhor concerto em Portugal. Tal como disseram, já há mais de 9 anos que não vinham ao nosso país para um concerto em nome individual (tinham passado 2 vezes pelo festival Alive!) e prometeram não voltar a demorar tanto tempo a voltar.

No último concerto da tour de promoção do álbum Father of the Bride deste ano, os Vampire Weekend deram uma festa tropical de mais de 2 horas, que não deixam ninguém com os pés no chão durante muito tempo.

A abrir "Flower Moon", "Holiday" e "Bambina" relevam (para quem ainda não conhece) as referências óbvias: Paul Simon (que não teve direito a cover desta vez), os Talking Heads e as sonoridades vindas de África, dos trópicos caribenhos ou o ska. Poucas vezes os Vampire Weekend arriscam para fora desta matriz que os diferencia da onda indie do século XXI.

"Unbelievers", "Oxford Comma" e "Jonathan Low" (a canção da banda-sonora de "Twilight") puxam pelo lado mais pop da banda.  Não há muito lugar para o improviso, a não ser no solo de guitarra de Brian Robert Jones em "Sunflower" .

Na segunda parte do concerto chegaram os hits, quase de rajada: "This Life", single do último álbum, Cousins ou "A-Punk" dos primeiros álbums, foram intercalados por uma versão country de "Married in a Gold Rush" em dueto de Koenig com a teclista Greta Morgan.

Ezra Koenig vai comandando a orquestra, desfazendo-se em agradecimentos e encarnando, de quando em vez, um mini guitar hero, com semelhanças (físicas também) com um M também) com um Marty McFly de "Back to the Future".

O caminho para o final é mais calmo com "2021", "Giving Up the Gun" e, a terminar a sensacional "Jerusalem, New York, Berlin".

Já no encore, Koenig declara oficialmente ser o concerto mais longo da banda em Portugal e inicia com "Mansard Roof". Depois segue-se uma fase de discos pedidos vindos da plateia: "Boston (Ladies of Cambridge)", "My Mistake" (a pedido e tocada em palco, ao piano, por um italiano de Nápoles chamado Giacommo), e ainda, "The Kids Don't Stand a Chance".

O final, já seguindo o alinhamento, fez-se com "Worship You", "Ya Hey" e "Walcott" com globos insufláveis a pularem sobre a plateia.

Se algo mais fosse necessário, ficou provado que os Vampire Weekend têm muitos fãs em Portugal e sentem-se mais à vontade em concertos desta dimensão, não sendo headliners para festivais da dimensão de um NOS Alive!

Fotografia: Júlia Oliveira @ Arquivo Noite e Música Magazine
Texto: Miguel Lopes