Talkfest: Bandas portuguesas fazem festa em Inglês


Talkfest: Bandas portuguesas fazem festa em Inglês

Depois de dois dias de conferências, com um cunho internacional mais vasto, o Talkfest propunha um dia de sábado diferente: seminários e concertos.

O seminário de Ana Bacalhau e Pedro Silva Martins, passou por diversos momentos da criação de música, desde a escrita e composição, aos últimos retoques.

Ana Bacalhau explicou as diferentes formas de recriar a música, de como se difunde uma mensagem, cantada ou falada, e a quais os processos que cada autor utiliza, dentro e fora de palco. Para Pedro Silva Martins, os compositores devem encontrar a sua própria linguagem. Para quem não sabia, o artista dos Deolinda, mostrou-nos uma música mais que conhecida: "Desfado", mais conhecido na voz da fadista Ana Moura.

Com toda a simpatia do mundo, Ana Bacalhau, informa que em português, a palavra tem prioridade, continuidade e que a barreira linguística impõe algumas barreiras à história que se quer fazer chegar ao público. E quem lá esteve ficou a saber a lição do dia: são as melodias que ensinam a cantar.

Ao fim do dia, fazem-se as despedidas até à hora de concertos, na mesma morada.

Los Waves, a dupla que se divide entre as Caldas da Rainha e outras localidades internacionais, apresentou-se na abertura da noite de concertos Talkfest.

Na Aula Magna, a banda que iniciou a sua aventura musical como League, mostrou temas do passado e do novo EP. Reconhecidos além-fronteiras, a banda aqueceu as palmas e as vozes dos tímidos membros do público, com sonoridades new wave e influências punk, pop e tons psicadélicos.

"How I Know", a favorita e homónima do EP Got A Feeling e a mais recente amostra "Strange kind of Love" criam ambiências cinematográficas e marcaram os pontos altos de um breve concerto, em que as guitarras e os sintetizadores saíram vencedoras.

Brass Wires Orchestra têm uma mística própria do folk e do universo indie. A introdução de guitarra, de som invertido e arrepiante, antecede a entrada do ensemble de instrumentos clássicos.

Miguel da Bernarda e companhia, pintam a sala em diferentes tons e tonalidade, com um nível de boa disposição contagiante que leva a audiência a fazer parte da banda.

Uma fanfarra de rock e amor militante, durante a melhor performance da noite. Numa noite de músicas novas, estreias de instrumentistas na formação em palco. "Oxigen", uma das mais recentes criações em estúdio, mostrou uma máquina sonora, com uma mecânica muito bem oleada. Brass Wires Orchestra, são uma banda com um nome complicado, que descomplicam qualquer história e se tornam indispensáveis ao novo panorama da música nacional.

A surpresa da noite começou de forma inesperada, com os Octa Push a subirem aos seus postos, acompanhados por um vídeo de cânticos africanos, marinados numa eletrónica exótica.

Há batidas certeiras que nos levam a campos explorados por outras bandas nascidas em Portugal, embaixadoras do afrobeat e garage britânico. O trabalho criativo, editado pela inglesa Senseless Records, compensa pela falta de criatividade em conversas com o público!

Dizzycutter e Mushug, procuram pelas melhores vozes para complementar os devaneios melódicos e o melhor exemplo é a portuguesa Catarina Moreno, protagonista de "Please, Please, Please".

No final, a audiência que se tinha deixado ficar no quente da sala, subiu ao palco para fazer parte de uma festa que demorou a ser de todos.

O relógio marca 1h20 da matina e DJ Ride, já em modo "one man show", chama os últimos resistentes à sala de espetáculos. Ride apresentou algumas das imagens mais emblemáticas da história, passada e atual, da sociedade, das artes, da política e grandes marcos da música global.

Mestre o scratch, ofereceu "Pixel Trahser", a merecida celebração á noite fria de Lisboa.

Um artista apaixonado por música, que mora num universo estético sem precedentes, de fusões imagéticas e sonoras. Passando por "life in loops", por conversas com Bruno Aleixo e Quagmire, um discurso de Obama e o revisitar de "Harder, Better, Faster, Stronger" de Daft Punk, o final act do Talkfest, fez as delicias da casa.

Sem demoras, a música de Lionskin começa-se a ouvir, enquanto as primeiras pessoas descem as escadas.

"Liquid girl", uma das favoritas da vocalista, e "Because Because", o novo single, fizeram a plateia improvisada ali à porta da Aula Magna. Sally é uma personagem nascida do processo criativo, desenvolvido pela banda em cada música.

No átrio da aula magna, o trio de eletrónica e pop rock marcou a despedida da edição de 2014 do Talkfest. Até lá!

Fotos: Marta Ribeiro
Texto: Sara Fidalgo