Queens of the Stone Age destronaram o Deus Sol e Sam Smith fez Vénus corar no último dia do NOS Alive


Queens of the Stone Age destronaram o Deus Sol e Sam Smith fez Vénus corar no último dia do NOS Alive

Numa noite em que os deuses foram colocados à prova, Queens of the Stone Age destronaram o Deus Sol e foram energia vital no último dia de festival. Com Vénus a seus pés, Sam Smith foi mais livre do que nunca e fez o público soltar as amarras. Os deuses devem estar loucos e não poderíamos estar mais solidários.

A 15ª edição do NOS Alive terminou este sábado com direito a uma tarde agradável de Verão. O terceiro e último dia do festival, arrancou com a doçura e cumplicidade de Carolina Deslandes e Bárbara Tinoco que partilharam o palco principal perante uma plateia bem composta e participativa. Do alinhamento fizeram parte temas como "Adeus Amor Adeus", "Outras Línguas", "A Vida Toda", "Antes Dela Dizer Que Sim" e "Avião De Papel". Ainda cantavam "Chamada Não Atendida", quando King Princess já esbanjava sedução e arrebatava corações no Palco Heineken, dando continuidade a uma tarde cheia de "woman power".

Carolina Deslandes e Bárbara Tinoco @ NOS Alive 2023

Depois de Machine Gun Kelly, que trouxe consigo uma vibe de anos 2000, com ligeiros trejeitos de Blink 182, Angel Olsen permitiu recuar um pouco mais no tempo e construiu um cenário etéreo para acompanhar o pôr-do-sol no Passeio Marítimo de Algés. A cantora e compositora norte-americana apresentou-se com um delineado de gato absolutamente perfeito ao estilo vintage e brindou o público com poesia e verdadeiras ondas emocionais. Do álbum Big Time, considerado uma obra prima sobre o poder do amor, da perda e da ressignificação, ouviram-se temas como "Go Home" e "This Is How It Works", num ambiente intimista e, simultaneamente, idílico. Se a memória é fotográfica, seguramente terá registado este fim de tarde num formato analógico dos anos 60.

Angel Olsen @ NOS Alive 2023

O corpo pedia movimento, pedia catarse e ninguém melhor do que Queens of the Stone Age para completar esta missão com sucesso. Às 21h15, a banda de Josh Hommes subiu ao Palco NOS para exorcizar demónios, transmutar emoções e energizar a alma de quem assistiu a um dos melhores concertos desta edição. Ouviam-se os primeiros acordes de "No One Knows" e estava instalada a atmosfera perfeita para uma rebelião saudável. Seguiram-se "My God Is The Sun" e "Smooth Sailing" e o Deus Sol teve de abandonar pois o trono já tinha dono. Sempre interativo, Hommes, convidou o público a dançar e na verdade teve um dos melhores públicos deste festival. Este respondeu à altura e, não só dançou como cantou em uníssono "Make It Wit Chu", abrindo um sorriso de orelha a orelha no artista. Num ato saboroso de rebeldia, no qual tocaram mais uma música do que o previsto, terminaram com "Go With The Flow" e "A Song For The Dead". Império reconquistado. O nosso Deus não foi o Sol, mas sim Queens of the Stone Age.

Queens of the Stone Age @ NOS Alive 2023

Numa noite em que os deuses foram colocados à prova, o público, ainda inebriado, já avistava em palco uma Vénus estendida para receber Sam Smith e o seu tributo ao amor. O artista britânico subiu ao palco pelas 23h05 para um dos concertos mais esperados desta edição do NOS Alive e, com "Stay With Me", abriu um concerto surpreendente. Seguiram-se "I'm Not The Only One", "Like I Can" e "Too Good at Goodbyes", amplamente conhecidas e cantadas por um público vibrante. Num espetáculo sobre liberdade de ser quem queremos ser, Sam Smith pediu a todos que, por uma noite, fossem livres e soltassem as amarras. O público respondeu à altura. Foi notória uma intensidade crescente ao longo do concerto proporcionado por Sam Smith e pelos bailarinos brilhantes que o acompanharam. De um registo romântico, transitou para uma atuação com maior sensualidade e excentricidade onde se ouviram "Dancing With a Stranger", "Promisses" e "I'm Not Here To Make Friends" e criou condições para uma pista de dança que transpirou liberdade de movimentos, amor e aceitação. "I Feel Love", cover de Donna Summer, e "You Make Me Feel" de Sylvester marcaram a transição definitiva, como se de uma metamorfose se tratasse, para um estilo mais obsceno, erótico e quase pornográfico que culminou com "Unholy”. Num espetáculo tecnicamente perfeito, imersivo e controverso, capaz de fazer corar a Deusa do Amor, a mensagem que fica é a de que não precisamos de ser perfeitos. Somos suficientes do jeito que somos e, essa aceitação, tem o nome de Liberdade.

Sam Smith @ NOS Alive 2023

Rufus Du Sol encerraram o Palco NOS na 15ª edição do NOS Alive. A próxima edição já tem data anunciada para os dias 11, 12 e 13 de julho de 2024.

Texto: Ana Rosinhas
Noite e Música Magazine no NOS Alive com o apoio dos hotéis GAT ROOMS