O dia do "Super Bock, Super hip-hop". Review do segundo dia do Super Bock Super Rock


O dia do "Super Bock, Super hip-hop". Review do segundo dia do Super Bock Super Rock

Desde a segunda edição do festival no Parque das Nações que a Música no Coração aposta num dia dedicado (praticamente) em exclusivo ao hip-hop. Depois do sucesso de Kendrick Lamar no primeiro ano, este estilo de música urbana tem sido a "galinha dos ovos de ouro" deste final que, de resto, tem relevado um declínio de ano para ano. Este ano assistimos a nova aposta ganha, com o festival muito bem composto por público, essencialmente, muito jovem mas conhecedor dos artistas deste género musical.

No Palco EDP, o destaque vai para Oddisee, rapper de Washington D.C. acompanhado da banda The Good Company. Influenciado por nomes clássicos da Costa Este como De La Soul ou A Tribe Called Quest, Oddisse aposta num rap soul com letras menos ofensivas e com um bom flow. Apesar de ter menos gente a assistir do que o português Profjam que lhe antecedeu, o ambiente foi muito bom e público aplaudiu esta segunda passagem por Portugal após o Mexefest do passado ano.

Quanto ao palco principal deste SBSR, teremos de destacar a ascensão de Slow J, que já é um artista fetiche deste festival. Foi saltando patamares desde o mais pequeno Palco LG, passando pelo médio EDP, até chegar a este palco Super Bock onde foi recebido com grande entusiasmo por uma arena já bastante composta. João Batista Coelho, viveu na Margem Sul, Linha de Cascais e passou ainda por Londres o que lhe terá dado um background para misturar várias influências da música urbana nas suas letras. Tal como o seu nome artístico (Slow) vem da calma com que se apresenta. As suas produções e misturas são limpas e fáceis de entrar no ouvido e já arrasta muitos seguidores por Portugal inteiro.

Nesta sua apresentação no maior palco do festival, acompanhado por Francis Dale nas teclas e guitarra e pelo omnipresente Fred Ferreira na bateria, Slow J teve ainda vários convidados nesta noite. Para "Water" chama Richie Campbell (em trânsito para o seu concerto no Marés Vivas ainda nessa noite), enquanto que já de guitarra, acompanha Carlão numa música a sair no próximo álbum do ex-Da Weasel. Com Plutónio e Papillon, interpreta "Nunca Pares" de Stereossauro e com Nerve atacou ainda "Às vezes". Vamos ver para onde poderá agora subir Slow J!

De seguida Anderson Paak, recordou o público da sua passagem por esta mesma sala, fazendo a primeira parte de Bruno Mars. À parte das semelhanças entre Mars e Paak, com o hip-hop a juntar-se ao soul, funk e r&b, é ainda a ocasional aproximação a sons mas rockeiros (até com incentivos ao mosh pit), ajudado pelos The Free Nationals, que nos faz lembrar Prince. De barrete azul e t-shirt psicadélica, Paak não se coíbe de atacar a bateria em várias canções. Desde a cover de Kaytranada, "Glowed Up", ao seu grande êxito "Am I Wrong", a energia inesgotável do americano contagiou todo o público de teens (e alguns pre-teens) que compunham a Altice Arena.

Para o final da noite, o texano Travis Scott (por muitos mais conhecido por ser namorado da modelo e socialite Kylie Jenner) era apresentado como o nome grande do cartaz deste ano. Revelou-se talvez o mais intenso, mas o menos sofisticado da noite. Com as suas rimas fortes e simples, adornadas com autotune, Scott apelava constantemente ao público por mosh, tentando imitar a energia do rock. Com um público ganho à partida, passou essencialmente pelos 2 primeiros álbuns, não se vislumbrando ainda Astroworld a lançar este ano. "Mamacita", "Way Back" ou "Upper Echelon" eram apenas hits a preparar o grande final com "Antidote" e "Goosebumps".

Equipa Noite e Música Magazine no Super Bock Super Rock
Fotos: Rui Jorge Oliveira
Textos: Miguel Lopes
Edição: Nelson Tiago