NOS Alive 2025: O dia da redenção

Após um dia para não recordar, o festival redimiu-se com o público, ao trazer os Muse como substitutos de luxo, demolidores de audiências como os Nine Inch Nails e revelações como CMAT e Amyl and the Sniffers.
Se no dia anterior o público não compareceu e nada perdeu, neste terceiro dia do NOS Alive 2025, a casa voltou a encher e o festival voltou aos velhos tempos em que as grandes bandas rock são os healiners, e encontramos bons concertos e revelações em vários palcos.
Os Muse foram desta vez substitutos de luxo, ao virem tapar o buraco causado pela ausência por doença dos anunciados Kings of Leon. Ainda a terminar o novo álbum, de que apresentaram logo a abrir "Unravelling", a banda britânica apresentou um concerto de hits dos álbuns mais recentes e do mais velhinho "Absolution". O baixista Christopher Wolstenholme prestou homenagem a Diogo Jota envergando a camisola 21 da Seleção Nacional e Matt Bellamy esteve ao seu habitual nível de estrela de rock com a virtuosidade de que vem de formação clássica.

Muse @ NOS Alive 2025
"Hysteria", "Stockholm Syndrome" (com outros de Rage Against the Machine e Nirvana) seguiram-se. Hinos de rebelião cada vez mais habituais na música da banda não faltaram: "Won't Stand Down", "Kill or Be Killed" ou "Compliance" numa versão bem dançável, para além de "Knights of Cydonia" a terminar. Do álbum "Black Holes and Revelations" que os levou para serem um sucesso global estiveram também "Starlight" e "Supermassive Black Hole". Referência ainda para as mais românticas "Madness" ou "Undisclosed Desires" e para "Hanging in Victory Square" com Matt Bellamy ao piano.
Os Muse são uma banda que já não desilude e melhoraram consideravelmente o cartaz em relação aos Kings of Leon. Esperamos agora pelo novo álbum e respetiva tour com espetáculo próprio.
A fechar o Palco NOS, um bulldozer chamado Nine Inch Nails. Depois de introdução meditativa com música dos "This Mortal Coil", Trent Reznor, Atticus Ross e a restante banda de Cleveland entram não a "matar" mas a demolir com "Somewhat Damaged", "Wish" e "Mr. Self Destruct". "March of The Pigs" continua no industrial e com um espetáculo magnífico de luz e vídeo (as câmaras à mão dentro do palco faziam-nos sentir lá dentro ou estarmos a ver um videoclip). No espetáculo, infelizmente presenciado já por meia casa, ouvimos ainda "Closer", "Copy of A" ou uma versão de "I'm Afraid of Americans" de David Bowie, para terminar com "Hurt" ao fim de hora e meia de suor.

Nine Inch Nails @ NOS Alive 2025
No palco principal referência ainda para os australianos Jet, em modo "vamos fazer mais tour porque precisamos de ganhar uns trocos", mas que ainda assim tiveram algum rock'n'roll e o seu one hit wonder para entreter. E ainda CMAT, como a revelação a abrir o dia, com os seus cabelos ruivos (típicos das irlandesas) e a irreverência do sexy is an attitude, not a body. Por entre beijos de elementos masculinos da banda, as canções pop com 'arzinhos' de country deixar todos com boa vibe logo no início do dia.
Pelo palco Heineken, o grande destaque vai para Amyl and the Sniffers. A banda australiana, liderada por Amy Taylor, deu um "concertaço" de punk rock à antiga. Amy é um vulcão que não para um segundo, extremamente expressiva e roupa provocatória. Ainda houveram referências à Palestina e mosh nas primeiras filas no primeiro concerto com tomates deste festival.
Mais tarde, os Foster the People soaram mais consistentes, mas ao mesmo tempo, mais monótonos. A terminar a noite, os Future Islands, ainda deram ritmos dançáveis aos mais resistentes com Samuel T. Herring no seu habitual vai e vem teatral de 'bicho' carpinteiro a acabar numa poça de suor.
A conclusão desta edição de mais um NOS Alive de dois dias esgotados e um para esquecer e apagar da memória, é que por vezes o risco da programação não compensa quando desvirtua a identidade de um festival, ainda que ela seja mutável.
Texto: Miguel Lopes
Noite e Música Magazine no NOS Alive com o apoio dos hotéis GAT ROOMS
Inserido por Redação · 14/07/2025 às 17:36