Meo Marés Vivas: dia 3 (19/07), com Portishead e Joss Stone


Meo Marés Vivas: dia 3 (19/07), com Portishead e Joss Stone

Muito ao estilo pin-up, de lenço na cabeça, saia verde florida e sapato preto de salto agulha, Marisa Mena ou Mimicat, o seu alter-ego, abriu o terceiro e último dia do festival Meo Marés Vivas, no palco Santa Casa. Cantou e encantou com músicas como "Somebody Else", canção dedicada ao namorado, e "Tell Me Why", o seu single de estreia a solo, o qual contou com a voz de Pedro Tatanka, vocalista dos The Black Mamba. Com um charme e belezas únicas e dona de uma voz sensual, Mimicat, relembrou um dos grandes êxitos de Ray Charles, "Hit the Road Jack", deixando o público em polvorosa.

Com o tempo solarengo, sem vestígios da chuva do dia anterior, os The Black Mamba foram um excelente aperitivo para os restantes concertos da noite. Deram um longo, mas apetecível concerto e foram o único grupo do palco secundário, que não só encheu o espaço confinado ao espetáculo, como viu o público amontoar-se bem além dos limites cobertos. Já existem desde 2010 e têm um luxuoso repertório, do qual trouxeram ao Meo Marés Vivas "Wonder Why", "I’ll Meet you There" e "It Ain’t You", sendo esta última, precedida de um brilharete de guitarra, proporcionado pelo vocalista.

Já com o recinto praticamente cheio, entrou em cena no palco principal, We Trust e os seus muitos temas do primeiro álbum: These New Countries. "Surrender" e "Mi Casa Es Tu Casa" são exemplo disso. Apesar de o público presente estar, ainda, em fase de aquecimento e demonstrar menos entusiasmo que o que seria esperado, ao som de "We Are The Ones" todos vibraram e deram voz à canção. André Tentugal pediu que, em vez de o gravarem no telemóvel, como habitualmente as pessoas fazem nos concertos, que se gravassem a si próprias durante o decorrer da música, de modo a verificarem o entusiasmo com que acompanharam a mesma. Músicas simples e diretas, de um artista que começou por criar temas para os outros e só, mais recentemente, começou a trabalhar em nome próprio. Ou melhor, sob o nome de We Trust. Antes de terminar, deu um cheirinho a "Dreams" dos Fleetwood Mac e encerrou a sua atuação em grande, ao cantar "Time (Better Not stop)", o tema mais conhecido de Tentugal.

Já a passar ligeiramente da hora prevista, ouve-se uma voz, lá ao longe, dizer "entrego-vos de mão beijada os The Gift". Entra, então, em cena a rainha ou melhor, Sónia Tavares com uma coroa no topo do seu cabelo vermelho fogo, acompanhada dos restantes músicos. "RGB" é a primeira música do espetáculo, seguindo-se "Race is Long" e as mais conhecidas "Primavera", "Driving You Slow", "Music" e "Fácil de Entender", que fizeram as delícias de quem assistia. Num concerto arrebatador, onde não faltaram brilhos, desde a bateria ao vestido da cantora, não esquecendo o seu próprio brilho interior, The Gift deixaram para o final o êxito de 1998, "Ok! Do You Want Something Simple".

Num registo melancólico, tão seu característico, atuaram os Portishead, para satisfação dos fãs da banda oriunda de Bristol, em Inglaterra. Beth Gibbons é mulher de poucas palavras, mas voz de grandes músicas, que não ficaram por entoar. Mesmo com a (pouca) chuva, que ia teimando em cair, ninguém arredou pé e todos ficaram para ouvir os sons do álbum de estreia da banda (1994), Dummy e do álbum de 1997, Third. "Glory Box" ou ‘give me a reason to love you’, como costuma ser identificada a música, por ser a mais ouvida comercialmente, foi a que teve maior impacto no recinto, no entanto, não faltaram canções como "Cowboys" e "Over".

Junto à margem do rio Douro e com o céu a dar tréguas à última noite do festival, os apreciadores de soul, blues e R&B aguardavam a chegada de Joss Stone. Os músicos entraram, as vozes secundárias também, a música arrancou e nem sinal da divã. "The Chokin’ Kind" continuava lentamente a ganhar sonoridade, quando Joss Stone entrou ‘de mansinho’ em palco. Não houve logo gritos histéricos, muitos ainda nem se tinham apercebido da sua presença. Mas quando viram os cabelos loiros esvoaçar e o sorriso rasgado chegar na frente do palco e agradecer o prazer de poder estar em Portugal de novo, não faltaram aplausos e gritos de alegria. Descalça, com um vestido negro, simples, que realçava a sua esbelta figura, a menina-mulher cantou algumas das suas músicas mais populares, como é o caso de "You Had Me", "Super Duper Love", "Right to be Wrong" e outras menos conhecidas, mas igualmente bonitas, como "Landlord" e "Big Ol’ Game". Nenhuma canção foi deixada igual ao original e o concerto durou bem mais do que se aguardava. Joss Stone aproveitou, ainda, para descer do palco e cantar bem pertinho dos fãs, quase como ao ouvido.

Fotos: Nuno Fangueiro
Texto: Magda Santos