Maria Gadú no Coliseu do Porto: a reportagem do concerto


Maria Gadú no Coliseu do Porto: a reportagem do concerto

Mayra Corrêa Aygadoux, ou melhor, Mária Gadú, regressou a Portugal para a homenagear o cantor e poeta dos anos 80, Cazuza.

Maria Gadú surpreendeu tudo e todos ao fazer a sua entrada pela ala central da plateia, enquanto recitava as palavras de Cazuza em "O tempo não pára". Assim que se apoderou do palco, onde a esperavam os seus músicos com instrumentos de percussão e dedilhados, a artista agarrou na sua guitarra, da qual se desapegou apenas em breves momentos do espetáculo, e começou com a canção "Encontro".

Ao contrário do falado, Maria Gadú não veio para apresentar o seu mais recente álbum de duetos, NÓS. A cantora de música popular brasileira optou por misturar canções dos seus anteriores discos, bem como homenagear o cantor e poeta dos anos 80, Cazuza. "Quisemos prestigiar este grande e importante poeta brasileiro pelos nossos olhos, ouvidos, voz e instrumentos". Para além das duas primeiras canções, "Bete Balanço", "Idade Média" e "Malandragem", da autoria de Cazuza, foram entoadas e interpretadas pela cantora Paulista e pela sua banda. "Malandragem" foi das canções mais emotivas da noite, com o chorar convulsivo do violoncelo.

Maria Gadú não parou de dançar, visivelmente muito animada. Foram-lhe sendo gritados elogios, elogios esses que serviam de mote às piadas que a artista ia lançando no intervalo das músicas. Entre uma luz que se apaga e outra que se acende ou um som que termina repentinamente, todo o espetáculo foi inesperado.

E de forma a antecipar o momento de comoção que se avizinhava, Maria Gadú manifestou o seu orgulho em falar e escrever em português, assim como o facto de ser reconhecida "neste país maravilhoso". E a cantar na mesma língua, mas com sotaques separados por um oceano, o fadista Marco Rodrigues juntou-se à cantora para um magnífico dueto de "Valsa". A abertura do concerto, aliás, esteve a cargo de Marco Rodrigues e do dedilhar frenético de três guitarristas.

Em jeito de despedida, músicos e cantora largaram os seus instrumentos e apetrechos e encerraram o concerto ao som de palmas e voz, num abraço na frente do palco, com "Ideologia", também de Cazuca.

Fotos: Diogo Baptista/Oporto Agency
Texto: Magda Santos c/ Oporto Agency