Keane no Coliseu: A "Causa e o Efeito" de um Porto sempre rendido


Keane no Coliseu: A "Causa e o Efeito" de um Porto sempre rendido

Depois de passarem pelo Marés Vivas no verão de 2019, os Keane voltaram a Portugal para dois concertos desta Cause and Effect Tour. A primeira paragem foi no Porto com um Coliseu totalmente esgotado.

Ao contrário do Reino Unido, que pediu a separação à União Europeia, os britânicos Keane parecem querer renovar votos com Portugal. Caso para evocar uma tal de velha aliança. Qual "Brexit", qual quê. A relação entre os portugueses e os Keane é para continuar e é bem bonita de se ver.


Keane - Coliseu do Porto 2020


O Coliseu do Porto recebe dezenas de artistas a cada mês, mas há poucos que têm o privilégio de ouvir mais de 3 mil pessoas a cantarem os seus temas durante todo o espetáculo. Ontem foi assim. Ao longo de duas horas, a plateia não poupou esforços para entoar e acompanhar este pop/rock alternativo que nasceu em Inglaterra em 1995.

Depois do hiatus (período de tempo em que uma banda está separada mas com a intenção de se reunir de novo), os Keane voltaram em bom e com direito a novo disco. E, depois do Marés Vivas, foi o Coliseu do Porto a receber os britânicos neste dia 25 de janeiro.

Em palco, Tom Chaplin, Tim Rice-Oxley, Richard Hughes e Jesse Quin não desiludiram uma plateia que vibrava ansiosa pela primeira nota musical que chegou com o tema "You're Not Home". O vocalista foi conversando com o público durante todo o espetáculo e até teve direito a ramo de flores que, carinhosamente, eram as mesmas que dão imagem ao novo álbum. Um gesto que deixou Tom Chaplin visivelmente sensibilizado.

Mas sentimentalismos à parte, e até podemos saltar a parte em que o vocalista pendurou a bandeira portuguesa no microfone (nada de novo até aqui), os Keane brindaram a plateia com os seus temas mais icónicos e com as suas novas sonoridades.

"Silenced by the Night", "Everybody's Changing" e "Is It Any Wonder" são sempre das mais esperadas e os britânicos não fizeram a plateia esperar entoando os 3 clássicos quase no início do concerto. "Strange Rooms" surgiu para acalmar um início de espetáculo efusivo mas que pouco durou ou não fosse a icónica "Bend and Break" tomar conta do Coliseu.

Entre os 26 temas que compuseram alinhamento, ouvimos as insubstituíveis "Nothing in My Way", "Bedshaped" e "Somewhere Only We Know". Todas elas com direito a este coro nortenho sempre elogiado pelos artistas que aqui passam.

Já na reta final, destaque para "You are Young" e para o arrepiante cântico da plateia que, mesmo depois de a música terminar, continuou a cantar num tom que, por mais que me esforce, não conseguiria reproduzir em palavas.

No encore, ouviram-se as familiares "Hamburg Song" e "Crystal Ball" mas foi com "Sovereign Light Café" que os britânicos de despediram da plateia.

Um espetáculo admirável onde foi novamente quase palpável esta troca de energia entre os Keane e a audiência nortenha. Fica no ar um "vemo-nos em breve" proferido por Tom Chaplin aquando da última canção.

A banda parte agora para Lisboa onde atuará para um Campo Pequeno que está muito perto de esgotar também.

Fotografia: Júlia Oliveira
Texto: Daniela Fonseca