Tara Perdida em entrevista: "Luto é um disco carregado de emoção, saudade, revolta, raiva"


Tara Perdida em entrevista: "Luto é um disco carregado de emoção, saudade, revolta, raiva"

Os Tara Perdida estão de volta com um novo vocalista e com o sétimo trabalho de originais; Luto. Estivemos à conversa com Ruka (guitarrista da banda).

Noite e Música – Que balanço fazem destes 20 anos de carreira?
Ruka – Fazemos um balanço positivo. O objetivo no início era estarmos juntos e darmos concertos em todo o lado. A música era uma ligação entre as pessoas, não era vista como a grande prioridade. Só em 1999-2000 é que começámos a levar isto mais a sério, por isso o que conseguimos até hoje tem um balanço extremamente positivo, sempre fizemos o que quisemos.

NM – O que mudou?
R – Mudaram principalmente as nossas mentalidades, por causa da idade. Mudaram também alguns elementos e agora aconteceu-nos a pior mudança de sempre; perdemos o Ribas. Mas a nossa essência é a mesma, não há grandes diferenças a nível do som. Tocamos melhor, ensaiámos mais… Aprendemos muito com os nossos produtores, bastou estarmos atentos à experiência deles para aumentarmos os nossos conhecimentos.

NM – Como é que pretendem assinalar estas duas décadas de Tara Perdida?
R – Assinalamos agora sem querer com o álbum Luto, não estávamos a espera de fazer um álbum destes aos 20 anos. No dia 10 de Junho foi o dia exato do nosso aniversário, fizemos uma festa privada para os nossos amigos em Alvalade. Acaba por ser um pouco uma festa agridoce mas é a vida. Temos que a encarar de frente.

NM – Ao sétimo trabalho de originais é mais fácil todo o processo de criação?
R – Torna-se muito mais fácil, entendemos melhor a própria música que fazemos, conhecemos melhor os instrumentos, percebemos muito mais de música. A nível da composição, quando a dor é grande as coisas fluem naturalmente, saem sem andarmos à procura… Não sei explicar mas é uma inspiração enorme.

NM – Como descreves este novo trabalho?
R – Luto é um disco carregado de emoção, saudade, revolta, raiva… É um marco na nossa história, não estava a espera de fazer isto. Para mim Luto é um ponto de viragem, um novo disco dos Tara Perdida com o Tiago Afonso na voz.

NM – É uma homenagem a João Ribas?
R – Tudo o que a gente fez será em sua homenagem. Tudo o que está no disco é verdadeiro, não há nenhuma mentira em nada. Os próprios títulos das músicas constroem frases: "Luta Um Dia de Cada Vez Até ao Fim" e "Regresso ao Jogo". É tudo a mais pura das verdades, até o próprio Mário Barreiros foi chamado para fazer este disco. Este era um dos objetivos que tínhamos, até em discos anteriores, inclusive o Ribas mostrou vontade de o fazer. Este foi o tempo, tinha que ser…

NM – Como tem sido a recetividade do público e dos vossos fãs ao novo vocalista; Tiago Afonso?
R – Tem sido boa. Ate agora fizemos algumas Queimas das Fitas e ganhámos essa guerra. As pessoas ao princípio estranham mas depois entranham. O Tiago é um excelente cantor e é o vocalista dos Tara Perdida. Recentemente fizemos uma ação promocional na fnac onde apresentamos 5 temas e rebentámos com aquilo, a casa estava cheia e até houve direito a stage diving e mosh (risos). Toda a gente cantou. o Tiago tem uma experiência e uma voz que usa como arma que cativa as pessoas. Nós também sempre fomos uma banda que cria controvérsia, uns gostam outros não, é normal. Siga a marcha…

NM – O espírito do Punk-Rock mantém-se o mesmo 20 anos depois?
R – Eu acho que não podemos renegar aquilo que somos. Essa é e será a nossa essência! O próprio single "Luta" é uma coisa à Ramones. O espírito em si é e será sempre uma revolta, nem que seja a do amor, mas mantém-se igual e sempre se manterá.

NM – O que podemos esperar dos Tara Perdida num futuro próximo?
R – Cada vez mais unidos, a tocarmos cada vez melhor. Vamos destruir tudo no bom sentido. Esta revolta vai transformar-se em algo de bom e a própria perceção em palco será diferente, mais verdadeira, mais sentida. A revolta puxa pelas pessoas e faz-te agir. Temos que saber transformar o mau em alguma coisa boa e é isso que vamos fazer… Temos um disco novo e queremos apresenta-lo, e com ele o novo vocalista. Esse será o primeiro passo.

Entrevista: Bruno Silva