Isaura em entrevista sobre o novo single: "As minhas canções são muito o relato daquilo que eu vivo e do que eu vejo"


Isaura em entrevista sobre o novo single: "As minhas canções são muito o relato daquilo que eu vivo e do que eu vejo"

Isaura acaba de lançar o seu novo single "Busy Tone". Em entrevista, falou do significado desta canção e da essência da sonoridade que lhe conferiu. A artista revelou ainda algumas características do seu primeiro álbum que tem estreia marcada para abril e falou da importância que a música e a composição sempre tiveram na sua vida.

Antes de falar do teu novo single que estreou no dia 30, faz sentido apresentar o nome Isaura. Para quem ainda não conhece o teu trabalho, como é que te descreves enquanto artista? De onde veio essa veia artística?

Desde os meus 10 anos que eu queria muito aprender a tocar guitarra e outros tantos instrumentos. Depois tinha uma vontade enorme de fazer coisas minhas! Nunca quis aprender guitarra para tocar as canções dos outros. Eu gostava muito de escrever e de rabiscar ideias e percebi desde cedo que a música era, para mim, uma forma de expressão. Acho que desde sempre que tentei fazer as minhas canções, umas piores, outras melhores, aliás as minhas primeiras letras eram simplesmente horríveis! (risos) Mas sempre tive essa vontade. Durante o meu percurso percebi que tinha uma necessidade de recorrer à música, toquei em bares, num programa de televisão, e sempre tentei encontrar aquele que seria o meu lugar nesta forma de expressão. Mais tarde, com a possibilidade da música eletrónica e dos produtores mais ligados a essa área, tentei traduzir esse trabalho da guitarra para produções mais contemporâneas. Acho que foi assim que cheguei à minha sonoridade de agora.

Em relação a esse mesmo tema da tua sonoridade, este formato de som que nos apresentas no novo single é o estilo que sentes ser o teu?

Eu não acho que este seja o meu estilo para sempre porque eu ouço muita música. Eu fiz um EP em 2015 e já sinto que está muito longe daquilo que eu ouço agora. E acho que daqui a um ano se me fizesses essa pergunta eu já diria que estava noutro sítio diferente! Nós estamos constantemente a ouvir coisas novas e, quando fazemos alguma coisa, sentimos que já está feito e que precisamos de fazer outra diferente. Eu sinto que, com esta música que tenho vindo a ouvir nos últimos dois anos, foi possível criar este álbum que é, de certa maneira, o culminar de toda a música que ouvi. Continuo a ouviu muita música dos anos 80, que foi a base do meu EP, mas, agora, em vez de serem aqueles sintetizadores mais leves, são uns mais escuros. Tenho ouvido também muito hip-hop e acho que se nota bem na "Busy Tone". Depois, como eu faço as minhas canções, há sempre um lado Pop. Portanto eu diria que as minhas canções são um Pop, Hip-Hop, Eighties. Mas, lá está, não sei se vou continuar aqui.

"Busy Tone" estreou ontem. Para já, qual tem sido a reação do público? Tem correspondido às tuas expetativas?

Eu não crio grandes expetativas à volta das coisas, faz parte da minha personalidade e é uma forma de gerir as minhas ansiedades. Mas o feedback que tenho recebido tem sido muito positivo! Acho que as pessoas estão a gostar da música e perceberam a sonoridade que eu estou a explorar, acho que estão curiosas para ouvir o álbum. Portanto, até agora, tem sido tudo muito positivo! Eu sou uma artista muito pequenina que vem da música alternativa mas que está a tentar que as suas canções cheguem cada vez a mais pessoas. Passinho a passinho!

Para quem ainda não ouviu este "Busy Tone", como é que o apresentarias? Ou seja, o que é que ele significa e o que transmite.

Este é um single que fala sobre uma questão que eu penso muito, que é a gestão de tempo e aquilo que é importante para nós. Às vezes temos tantas coisas para fazer que acabamos por nos negligenciar a nós próprios e àquilo que gostamos de fazer. Esta canção fala sobre esses momentos em que te auto permites. Quando o momento é para ti e pões os outros em espera porque eles também já te puseram em espera a ti. A música que lá está não é propriamente para dançar mas vai dar-te vontade de fazeres alguma coisa! Esta é uma canção que transmite coisas positivas e força. Depois há também a colaboração do Lhast que é um produtor belíssimo que nós temos em Portugal a trabalhar em projetos muitos bons com artistas como Diogo Piçarra, Slow J, Richie Campbell, Valas e muitos outros. O que o Lhast traz para esta canção é um beat absolutamente incrível e muito bem feito que puxa as pessoas para cima.

"Busy Tone" vai integrar o teu disco de estreia Human. O que é que nos podes dizer deste disco que vai sair em abril?

O disco divide-se em duas partes. Vai ter o lado A e o lado B, porque eu comecei a compor e a escrever o disco há mais de um ano e muitas coisas acontecem nesse período. No início eu estava numa altura da minha vida em que não me apetecia falar de assuntos profundos e apetecia-me mais discutir assuntos como este do tempo. Desse meu estado de espírito saem canções como a "I Need Ya" e a "Busy Tone". Mas, depois, como a vida é a vida, acontecem coisas que nos fazem mudar de disposição. As minhas canções são muito o relato daquilo que eu vivo e do que eu vejo, não é nada que eu invente de algum lado. Esse momento de mudança foi quando eu perdi a minha avó que era uma melhor amiga para mim. Aí passei por um momento mais introspetivo e daí o lado B. A razão pela qual eu chamo o álbum de Human é porque eu acho que, na realidade, isto é quase um espelho daquilo que nos acontece. Nós nunca sabemos quando a vida nos vai trocar os passos e a melhor maneira de sermos humanos é ir aprendendo a lidar com o que a vida nos traz e dar sempre o nosso melhor. Eu acho que é esse o conceito do álbum, são os acontecimentos que não conseguimos evitar e que mudam completamente o nosso estado de espírito.

"I Need Ya" fará parte do álbum de estreia de Isaura.

Entrevista: Daniela Fonseca