NOS Alive: dia 3 (09/07), com Arcade Fire, M83 e Grimes


NOS Alive: dia 3 (09/07), com Arcade Fire, M83 e Grimes

Nesta noite, só os Arcade Fire poderiam tornar esta edição épica.

Depois de uma noite de triunfos e sem grandes destaques neste dia, só mesmo os Arcade Fire poderiam tornar a 10ª edição épica. Mas já lá vamos!

Primeiro, algo completamente diferente! E desajustado, pois Agir pertence a um campeonato MEO Sudoeste e não a um festival que tenta construir uma imagem externa baseada noutro tipo de artistas. Não que o filho de Paulo de Carvalho não fosse competente no concerto de ontem, mas caberia de certeza melhor noutros palcos mais a sul. Agir apresentou uma cenografia já mais elaborada (não de primeira banda do dia), um DJ, banda, 2 MCs e alguns amigos convidados. Apresentou todos os hits que agradaram às primeiras filas, cantou "neo-fado" (como lhe chamou) numa versão de "Meu Fado Meu" de Mariza e tentou deixar algumas saudades nos que o viram para que possam encher os seus próximos concertos nos Coliseus (talvez a razão porque atuou neste último dia do festival).

Agir

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Antes disso, no Palco Heineken, os sintrenses Them Flying Monkeys emulavam os Tame Impala com música e projeções psicadélicas e, de seguida, a americana (baseada em Montreal) Little Scream convidava Richard Parry dos Arcade Fire (produtor do seu "The Golden Record") para um concerto de folk-country rock que ainda entreteu que por ali se abrigava do sol abrasador de fim de tarde.

De seguida, um dos concertos do dia: os Calexico levaram-nos até à sua cidade berço Tucson, no Arizona. O calor já ajudava, mas os ritmos com matrizes rock/blues e o tempero tex-mex das canções do último álbum Edge ot the Sun, levaram-nos para terras tórridas dos EUA. Ora cantadas pelo vocalista Joey Burns (nas canções de matriz mais norte-americana como "Bullets and Rocks" ou "All Systems Red"), ora por Jacob Valenzuela com cumbias irresistíveis ("Cumbia de Donde" por exemplo), o concerto colocou toda a gente a dançar ritmos latinos. Não faltou ainda uma versão dos Love ("Alone Again Or") e o final com "Crystal Frontier" e "Guero Canelo".

De regresso ao palco principal, os Vetusta Morla apenas entretiam os muitos espanhóis presentes com o seu indie pop animado, mas inconsequente. Ao que parece enchem estádios no seu país, mas por aqui apenas enchem cartaz (ou trazem mais espanhóis para o festival).

Vetusta Morla

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De seguida, algo muito mais interessante: os Band of Horses aquecem a já gorda multidão que aguarda os Arcade Fire de forma competente. A finalizar a digressão europeia de apresentação do último Why Are You OK, mostram as novas "The Hag", "Smoke My Mind" ou "In a Drawer", mas são os êxitos "No One’s Gonna Love You" e "The Funeral" que despertam mais emoções. No Palco Heineken seriam um êxito, aqui são um bom aquecimento para o headliner.

Band of Horses

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No Heineken, os PAUS esforçaram-se (e suaram!) para segurar um público em pulgas para fugir para o palco principal, mas que correspondeu com mosh (e camisas escancaradas) aos apelos do Hélio Morais e Joaquim Albergaria. Os PAUS continuam intensos, alternaram entre as mais antigas e as novas canções do último Mitra e apenas pecam por não ter um jogo de luzes (e quem sabe vídeo) mais adequado às descargas de energia da música, e também, por "calharem" sempre em slots antes de concertos que lhes roubam possíveis fãs para outros palcos.

PAUS

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Segue-se o concerto mais aguardado da noite (e do festival?), os Arcade Fire entram em palco com "Ready to Start" e logo a plateia está conquistada (já estaria…). Como dissemos ao início, apenas a banda de Montreal poderia levar esta edição do NOS Alive ao épico. Porque eles são épicos! Desde as primeiras passagens por Portugal no festival Paredes de Coura que mostravam a sua música cheia, na altura mais irreverente (agora é mais cuidada) e que poderia caminhar para o topo. E se já estão no topo da indústria atualmente, onde poderão chegar? Talvez apontar para as estrelas…

Num concerto menos baseado em Reflektor (como o anterior do Rock in Rio Lisboa) e irmamente dividido pelos quatro álbuns, conseguimos ouvir tudo: os hits de Neon Bible como "No Cars Go" ou "Intervention" com finale de "God Save the Queen" dos Sex Pistols (e ainda "Ocean of Noise" com a ajuda dos Calexico ou "My Body is a Cage", canção que até Peter Gabriel já reformulou), o final todo baseado em Funeral (apenas intermediado com "Here Comes the Night Time" com direito a cabeçudos de New Orleans), o início baseado em The Suburbs (a começar a habitual dança dos instrumentos entre os membros-base da banda) e cinco canções do último álbum Reflektor (produzido por James Murphy dos LCD Soundsystem) como os singles "Afterlife" e "Reflektor" ou "We Exist" com um intro de "All Apologies" dos Nirvana.

A comunhão entre a banda e os fãs foi evidente e já estamos com saudades de os ver por cá de novo. Infelizmente já são grandes de mais para uma sala fechada de menores dimensões…

Arcade Fire

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Para fim de festa, ainda o francês M83 trouxe uma extensa banda para dar um ar mais orgânico e eletropop às suas canções ajudado pelos toques do saxofone e da vocalista Mai Lan em alguns dos temas. Sem grandes novidades há vários anos, foi a roupagem de banda que trouxe algo de novo e permitiu que uma larga plateia ainda ficasse pelo recinto, dançasse ao som destes Air mais épicos e aguardasse pelo hit "Midnight City".

M83

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Pelo Heineken, ainda assistimos à estreia da canadiana Grimes em Portugal. Claire Boucher passou pelo Alive que nem um furação com o seu synthpop a levar à loucura uma tenda bastante cheia. De bandeira gay a fazer de capa, totós, voz de menina (a fazer lembrar cantoras pop japonesas) e bailarinas frenéticas baseou a atuação no seu último e aclamado álbum Art Angels com "Laughing Without Being Normal" a abrir e "Kill v. Maim" a fechar. Ainda se pode ouvir "Genesis" e "Oblivion" do álbum anterior e "Ave Maria", composição clássica de Franz Schubert.

Para fechar (como já tinham fechado Paredes de Coura 2015) o duo americano Ratatat seguraram os resistentes com o seu espetáculo baseado em batidas eletrónicas misturadas com a guitarras, baixo, percussões e vídeo a juntar o melhor dos dois mundos (eletrónico e rock). Foi entretido para terminar em festa!

Para o ano há mais, de 6 a 8 de julho no Passeio Marítimo de Algés!

Equipa Noite e Música Magazine no NOS Alive
Fotos: João Paulo Wadhoomall
Textos: Miguel Lopes
Edição: Nelson Martins