dEUS ao vivo na Aula Magna [fotos + texto]


dEUS ao vivo na Aula Magna [fotos + texto]

Noite de muita classe num ambiente cheio de intimidade e uma plateia ansiosa para o começo do espetáculo da banda belga, formada na Antuérpia e que já conta com 26 anos de carreira.

A gama dos fãs presentes era diversa e havia uma variedade de faixas etárias, prontas a apreciarem a sonoridade do indie rock dos dEUS, estes que em Portugal são mesmo considerados uma banda de culto e já contam com inúmeras apresentações em solo nacional. Não era portanto uma estreia, mas este espetáculo ficou para mais tarde ser recordado pela legião de admiradores portugueses.

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Antes das 22:00, hora apontada para o começo de uma grande noite, faziam-se testes de som na mítica sala lisboeta. A plateia assobiava efusivamente para a entrada antecipada da banda, mas o quinteto apareceria à hora estipulada e com pontualidade meritória à boa maneira da cultura europeia nortenha, ouvindo-se aplausos e assobios de contentamento. Uma boa energia estava gerada para uma noite especial!

Este foi o último concerto da turnê "Electric Soft Tour" e o último do ano de 2015, como enunciou Tom Barman, no momento em que pisam o palco e abrem a noite com a calmaria do tema "Wake Me Up Before I Sleep", música do álbum In a Bar, Under the Sea de 1996. O repertório coroou magias de todos os 7 álbuns da carreira vasta, em que 5 deles conseguiram chegar a Ouro no top belga e os restantes 4 atingiram o apogeu da Platina.

Na segunda música foi bem evidente a sonoridade do violinista e teclista da banda Klaas Janzoons, que encantou durante todo o espetáculo num rock alternativo, acompanhado pelo fundo das duas guitarras elétricas, um baixista expressivo e a bateria de qualidade que tornavam Stéphane Misseghers também na segunda voz. Seguiram-se sons como "The Real Sugar", "Eternal Woman" e após uma grande passada num cigarro, iniciam "Include Me Out", tema que é inspirado numa história da atriz francesa Brigitte Bardot que fora um grande símbolo sexual dos anos 50 e 60.

Segue a noite com "Magdalena" e "Right As Rain" de 1994, um tema sereno e profundo que o vocalista fez questão de contar a história por detrás do que realmente "é certo como a chuva". A música serviu para homenagear o seu falecido pai e conta a marca que ficou nele, deixada como uma cicatriz, causada pela sua perda. Entre goles de água e trocas instrumentais de guitarras entre músicas, ia trauteando algumas palavras em português.

As gratulações e a simpatia de Tom evidenciavam-se em reconhecimentos constantes – "Muito Obrigado", e interações com a plateia bastante caricatas de um fã entusiasmado que soltava algumas palavras em bom som para entusiasmar a noite e quebrar um ambiente sereno e carregado de profundidade, ao fundo da sala. Seguiram-se "Nothings" e "Constant Now" e "7 Days, 7 Weeks", um tema que teve como destino uma fonte inspiradora, a sua querida irmã, mas que segundo ele próprio, ela não teria ficado nada impressionada com a qualidade (expresso em jeito de brincadeira). Soltam-se risos e boa disposição numa noite que ao ao passar do tempo ia-se descomprimido e a energia desobstruía alguns fãs que se movimentavam nas cadeiras com o bater ritmado das suas composições.

A noite já se aproximava do fim e a banda conclui com "Serpentine" de 1997, deixando a histórica sala magna. Ninguém queria que aquele momento terminasse pois tinha sabido a pouco, e assim chamaram a banda para mais um encore pautado com mais 2 temas "Sirens" e “Bad Timing” com notas mais intensas e ritmadas. Terminando, deixam a sala novamente e são mais uma vez chamados para um último encore. Ao abrirem a porta da Aula Magna para um último tema, Surge Klaas que agarra o microfone e diz "Ok Ok, vamos tocar mais um tema". Findam com "Dream Sequence #1" e antes de definitivamente abandonarem o palco, o público é informado que a banda estará nessa noite a aproveitar a noite lisboeta no Cais do Sodré e convida a quem quiser comparecer, para beber com eles.

Assim encerraram a sua turnê e o concerto honrou esse estatuto, ficando evidenciado o quão Portugal é especial para a banda. Os rostos e a recetividade portuguesa ficaram bem patentes e certamente que mais uma noite será bem-vinda para mostrarem novo trabalho, num futuro próximo.

Fotos: Vítor Barros
Texto: Rita Costa