Vodafone Mexefest: dia 2, 28/11 [fotos + texto]


Vodafone Mexefest: dia 2, 28/11 [fotos + texto]

14 mil pessoas (números da organização) percorreram a Avenida da Liberdade ao longo dos dois dias de Mexefest. Patrick Watson, Peaches e Da Chick aqueceram a noite.

Apesar de em nada nos ter servido, este sábado, conseguimos finalmente vislumbrar o prometido regresso dos Vodafone Shuttles, veículos que transportavam o público pela Avenida entre as várias salas do festival e de forma gratuita! Não sabemos se por "falta de visão" nossa (que duvidamos pois perguntamos a varias pessoas e ninguém os tinha visto) ou por falta da promotora, mas estes não nos pareceram circular na sexta-feira, durante o primeiro dia do festival, o que se fez sentir no dia seguinte com uma  aderência pouco significativa por parte do público.

Começamos a noite na belíssima Sala dos Espelhos do Palácio Foz com um nome prometedor da jovem música portuguesa, Salvador Sobral. Uma espécie de jazz, sempre muito alegre e jovial, numa sonoridade diferente da que os novos grupos portugueses nos tem vindo a mostra.

Enquanto atravessámos os restauradores em amena conversa, dirigimos a mais um concerto cantado em português. Não pudemos deixar de comentar e (aqui) felicitar o Mexefest por mais um ano em que se denota a acentuada participação de (bons) músicos lusófonos. Chegamos assim nesta boa onda a Sociedade Portuguesa de Geografia para ver o brasileiro Castello Branco. Entoando as canções do disco de estreia Serviço (2014), Castello Branco cantou e encantou munido apenas da sua guitarra e seguido do seu companheiro Saulo Arctep. Os dois fizeram uma bonita festa falando ao coração de uma sala com lotação esgotada.

Em passo de corrida fomos para o mais sublime palco do festival, o da Estação Ferroviária do Rossio, o Vodafone FM. O concerto de Benjamim (anteriormente conhecido por Walter Benjamim) já tinha começado mas neste festival, que "mexe" a um ritmo alucinante pela avenida, se queremos ver todos os concertos (ou pelo menos tentar) é impossível assistir a tudo do principio ao fim. Numa viagem ao passado, o cantor convidou a subir ao palco Ap Braga para cantar com ele "Rosie", uma música deste com Fausto Bordalo Dias baseada num poema de Reinaldo Ferreira composta em 1973. Numa euforia assumida, Benjamim brinda os presentes com "pelos teus passos" tornando-se assim impossível não dar um "passinho" de dança antes de descer até ao Coliseu para um dos mais aguardados concertos da noite.

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Num Coliseu a meio gás, de luzes praticamente apagadas com som altíssimos e um ambiente soturno foi como começou o norte-americano Ariel Pink. Acompanhado de três teclistas, Ariel Pink, que esteve recentemente em Portugal (num outro festival), não surpreendeu com o seu espetáculo esquizofrénico de misturas entre a pop dos anos 80, música experimental e o heavy metal (entre muitos outros!). A nossa estadia por aquelas paragens foi curta pois o desassossego era excessivo – Pudemos constatar pelos comentários dos restantes festivaleiros, que não fomos os únicos, a desilusão foi muita e o Coliseu que já só estava a meio gás foi ficando vazio.

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No Tanque, Da Chick já saltava de um lado para o outro no palco entoando as suas músicas com pequenos enxertos de outros como "Another one bites the dust!" dos Queen, ou "Private dancer" de Tina Tuner. Momentos cheios de energia sem duvida, mas era notória a ânsia do publico na espera da grande "One Woman Show" da noite, Peaches! Ninguém se deslocou para outro palco naquela hora. A fila de espera na escadaria do Tanque tinha como previsão de espera 40 longos minutos, mas valiam bem a pena.

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Comentávamos entre nós que Peaches já nos habituou a sua extravagância, mas mesmo assim consegue sempre surpreendermos de alguma forma. Depois de tanta troca de elogios entre Da Chick e Peaches, está claro que ambas se juntaram no mesmo palco para cantar, e que bom que foi ver a "miúda" a safar-se como gente grande ao lado de gente grande! Um espetáculo com bonecas insufláveis, danças eróticas e um despir de roupa constante numa atitude provocante  só podiam acabar com garrafas de champanhe (bebidas e agitadas para "salpicar" o público!) e o refrão de "Fuck the pain away" cantado em uníssono por um publico brindado com toalhas onde Peaches se tinha acabado de esfregar (sim, nas partes baixas!).

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Ainda a quente descemos mais uma vez até ao Coliseu para ouvir o canadiano Patrick Watson. Iniciando o concerto apresentando o seu novo trabalho Love Songs For Robots (2015), Patrick Watson levou-nos a terras robóticas, seguiu pelo Faroeste e entre a pop e a folk, junto dos seis elementos que o acompanhavam em palco, entoaram á capela "Into Giants", um coro perfeito seguido pelas vozes  e som do público batendo os pés no chão. Foi nos dito e não foi mentira nenhuma que nestas coisas é difícil alinhar tanta gente; "Vocês são melhores cantores que bateristas!". Surpresas não faltaram e mostrando a boa forma física Watson e seus colegas, sairão do palco e surgirão no camarote presidencial de megafone na mão deixando o Coliseu em alvoroço gritando promessas e juras de amor eterno. Quando tudo indicava que tinha acabado, já o Coliseu estava de luzes acesas e meio vazio (ou meio cheio!), eis que Watson regressa para ao piano tocar uma última vez naquela noite e brindar quem ainda ali estava com "To Build A Home".

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A noite foi de contrastes, entre o som melódico e intimista de Castello Branco, o sex appel de Peaches e a distribuição de amor de Patrock Watson, poderíamos ter sido levados á loucura mas conseguimos desfrutar e terminar assim mais um Mexefest!

Pela avenida tivemos oportunidade de realizar umas belas viagens, com bom ambiente (falamos de temperatura também!) e claro muito boa música.

Para o ano, desejamos o mesmo e exigimos melhor ainda! Esperamos que a organização tenha estado atenta e queira aperfeiçoar aqueles pequenos pormenores que continuam por resolver (organização das entradas e saídas, a app que não tem a lotação dos espaços correta, etc).

Fotos: Eduardo Alberto
Texto: Anaïs Silva e Miguel Lopes