Rui Veloso na MEO Arena, em Lisboa [fotos + texto]


Rui Veloso na MEO Arena, em Lisboa [fotos + texto]

MEO Arena, em Lisboa, foi o local escolhido para celebrar os 35 anos de carreira de um dos nomes mais conhecidos da música portuguesa. Rui Veloso cantou e conversou com o público, num concerto em que o cantor não escondeu a emoção de estar a atuar para uma MEO Arena esgotada.

[alpine-phototile-for-flickr src="set" uid="60380835@N08" sid="72157658667580383" imgl="fancybox" style="floor" row="5" size="640" num="22" highlight="1" curve="1" align="center" max="100" nocredit="1"]

"Eu gosto de um país que estima os seus músicos. Podia gostar mais do meu país, mas isto é um exemplo", referindo-se aos graves problemas que atualmente o Conservatório Nacional de Música enfrenta, correndo mesmo o risco de fechar porque as condições já não são suficientes para manter as portas abertas. O músico fez questão de começar o espetáculo exatamente com o Coro do Conservatório Nacional e mostrar algumas das razões para se ter de preservar este Conservatório e dar a oportunidade aos jovens que lá estudam de poderem evoluir na música.

Num palco em tons de azul, que lembra a paz, branco, em sinal de esperança, e verde, na celebração da vida, Rui Veloso invocou aquele pavilhão esgotado para ouvir um artista português como um sinal de que ainda pode haver esperança. Mas foi de preto que o Coro cantou, representado o luto e da luta daquele conservatório naquelas vestes prestas e naquelas vozes o amanhã da música.

"Gostava de ter aqui os meus pais, mas os 91 anos já não lhes permitem", confessou, emocionado, e explicou que tinha começado com duas músicas do álbum Auto da Pimenta porque eram duas músicas que os pais gostavam muito e que esta era a forma de os trazer ali àquele palco. "Agora vou continuar com músicas do século passado", disse em tom de brincadeira.

Músicas do passado bem conhecidas de miúdos e graúdos que cantaram com o cantor muitas das músicas deste reportório. De harmónica na boca começou por lembrar a "camponesa" e com ela prometeu o que era devido e, mesmo "meio tralhalhoco" lembrou que "Já não há canções de amor”, que dedicou ao público que gostou "muito de os ver desse lado".

Veloso viajou por "Todo o tempo do Mundo" até parar em "Porto Covo", onde recebeu o seu amigo Mário Barreiros, músico e produtor. Passou-se a Monção, trazendo o "Lado Lunar" e aterrou-se em "Porto Sentido" para receber António Serrano na harmónica, que no final da música recebeu uma ovação de palmas, com muitas pessoas de pé a aplaudir.

Foi ao lado de Serrano que recebeu Mariza, com quem cantou "Não queiras saber de mim" e no final toda a plateia de pé e só se ouvia o barulho das palmas. Ainda antes de ir embora, Mariza cantou com Veloso a "Tasca da Mouraria", uma música que "fala da infância" da cantora e "feita de propósito para ela", confessou o cantor. Em maré de confissões, Mariza contou, com o sorriso no rosto, que "há muito, muito, muito tempo que não via o Rui tão feliz".

Com a felicidade estampada no rosto, o cantor remou até "A Ilha", passando por um medley com 7 músicas, parando em "Sayago Blues", no já bem conhecido Chico Fininho e parou no "Meu País".

Com amigos na plateia, como João Gil, Vitorino e Jorge Palma, Veloso voltou ainda para cantar mais 5 músicas, porque se "Jura" tem de voar ao "Fado do ladrão enamorado", e não deixar o "Primeiro Beijo" a meio nem esquecer a "Paixao". Porque, mesmo quando "Não há Estrelas no céu", há sempre o "Baila da paróquia". E no final há sempre Veloso, sentado com a sua viola a tocar e a cantar.

Fotos: Carlos Carvalho
Texto: Bárbara Mota