Rock in Rio Lisboa: reportagem do 4º dia, com Lorde e Arcade Fire


Rock in Rio Lisboa: reportagem do 4º dia, com Lorde e Arcade Fire

Lorde encheu o Palco Mundo com um concerto soberbo. Arcade Fire surgiram brilhantes para um concerto brilhante. Rumaram á Bela Vista 47 mil pessoas nesta noite.

Homenagem a António Variações, Ed Sheeran, Lorde e Arcade Fire: estes eram os nomes que figuram no cartaz do palco mundo, no último sábado do Rock in Rio.

O arranque do penúltimo dia da edição comemorativa dos 10 anos do Rock in Rio Lisboa foi com uma merecida homenagem a António Variações que nasceu há 70 anos atrás e as suas músicas permaneceram durante várias gerações. Foram estas canções que subiram ao palco mundo, na voz de Gisela João, Linda Martini, Deolinda e Rui Pregal da Cunha (acompanhado pelo Paulo Pedro Gonçalves). Gisela João usou as palavras de "Quero é Viver" para iniciar a homenagem. O espetáculo foi cheio de variações, desde uma "Canção do Engate" entre os Linda Martini e os Deolinda, passando pela inconstante "Estou Além" entre os Deolinda e Rui Pregal da Cunha terminando com todos no palco a afirmarem que têm "Amália na Voz" e também o António.

O quarteto Wild Beasts foram os responsáveis pela maior enchente do dia no palco Vodafone. Fanáticos pelo nosso público, deixaram enormes elogios ao vinho e aos portugueses. Presente Tense é o ultimo trabalho da banda tendo por isso um destaque principal no alinhamento. Não deixaram de fora "Hooting & Howling", "Sweet Spot" e "Daughters". Para se despedir do público que tanto admira Hayden Thorpe trouxe "Wanderlust" e "Lion's Share" que fizeram tremer o início da Rock Street.

Ainda os instrumentos de Ed Sheeran estavam a ser posicionados já uma legião de fãs maioritariamente adolescentes gritavam pelo britânico. Assumem-se como Sheerios e vibram de forma crescente a casa segundo que passa.

O ruivo entra de forma tímida em palco, com "You Need Me" (segundo single do cantor. Em palco é acompanhado apenas da sua guitarra e de 4 telas. Ainda alguns fãs tentavam controlar as lágrimas Sheeran arranca com um dia seus maiores êxitos; "Lego House" que proporcionou um belo arranque para os 60 minutos em que o cantor iria apresentar os seus maiores sucessos. Sempre humilde o cantor entra numa maratona de hits "Give Me Love", "I See Fire", "A Team" e "Sing" (primeiro single de X, novo trabalho do britânico) abandonando o palco sem palavras, ficando no ar a euforia do final do concerto.

Ella Marija Lani Yelich-O'Connor é um nome certamente desconhecido da maioria do público mas se falamos em Lorde rapidamente associam a "Royals"; uma das músicas sensação do ano. Com apenas 17 anos, é apelidada de princesa negra da pop e tem a missão de subir ao palco mundo para mostrar Pure Heroine. De forma sublime, Lorde entra em cena, vestida de branco, destacando-se no escuro do palco, com "Glory and Gore". No meio do público ouviam-se vários comentários distintos sobre a postura da cantora mas numa coisa eram unânimes, a neozelandesa é dona de um vozeirão inconfundível. "Tennis Court" fez acender a plateia e despertou também um sorriso a Lorde, que se mostrou emocionada por estar em Portugal e perante tanta gente. O seu único trabalho editado foi suficiente para apresentar um dos melhores espetáculos do Rock in Rio, que surpreendeu tudo e todos, não só pela voz mas também pela presença que a adolescente tem em palco. "Royals" foi um dos momentos da noite mas foi também o início do fim do primeiro concerto de Lorde em Portugal que, após "Team" e "A World Alone" despede-se do palco do Rock in Rio com um enorme sorriso no rosto.

Do Canadá, também com 10 anos de existência e com trabalhos que são autênticas experiências de mistura de vários ritmos musicais com indie rock chegam os Arcade Fire. Anunciados em português de Portugal como "incríveis" eis que mais de uma dezena de músicos entra em palco para acompanhar os elétricos Win Butler e Régine Chassagne. Reflektor é o nome do muito aclamado trabalho lançado no final de 2013 e foi o tema com o mesmo nome que acompanhou a entrada da banda. Os fãs estavam em êxtase e, aliando esse fator a um alinhamento que percorreu também os grandes êxitos da banda, ao aparecimento de "Bobbleheads" (semelhantes aos cabeçudos de Torres Vedras) e de uma figura "reflektor" (revestida como se de uma bola de espelhos se tratasse) e a uma banda cheia de carisma (destacando as acrobacias atrapalhadas de William Butler). "The Suburbs" foi apresentada como uma música que fala de saudade (e em português de Portugal) e leva os quase 50 mil à loucura. Loucura esta que foi repetida várias vezes… "Normal Person", "Here Comes The Night Time" e "Wake Up" formaram o apogeu final que arrumaram aquele que ficará marcado como um dos melhores momentos desta edição do festival.

Num dia cheio de variedade musical, o Rock in Rio veio provar que é cada vez mais um festival de diversidade, agradando a todas as idades. Não faltaram surpresas que marcassem as últimas 24 horas do evento, destacando a surpreendente Lorde e os irrepreensíveis Arcade Fire.

Fotos: João Paulo Wadhoomall/Agência Porto
Texto: Bruno Silva