Optimus Primavera Sound '13: 3º dia, 1 de junho


explosionsin theskyprimaveraNo terceiro e último dia de Optimus Primavera Sound, o público acorreu em menor número que no dia anterior, mas ainda assim estima-se que perto de 75.000 pessoas terão passado pelo Parque da Cidade ao longo destes 3 dias de festival.

No dia com uma programação mais alternativa, os portugueses Glockenwise abriram a tarde no palco Super Bock. Os Barcelenses trouxeram novo trabalho na bagagem, e foram descarregar a sua energia juvenil para uma plateia que tem vindo a crescer com a banda. Umas horas mais tarde, e a provar a boa saúde da produção nacional, os Paus haveriam de confirmar no palco ATP a sua qualidade, e justificar porque mereceram estar por duas vezes na versão catalã do festival e receber as críticas mais positivas do outro lado da fronteira.

A segunda banda a pisar o palco Super Bock seriam os The Drones. O quarteto australiano conta já com mais de 15 anos de vida, e a experiência fez-se notar na forma como demonstram à vontade em cima de um palco. Talvez com algum excesso de confiança (ou arrogância) perante uma plateia que não estava convencida dos méritos da banda, os The Drones descarregaram rock cru e sem artifícios, que não prendeu muitos festivaleiros na frente do palco Super Bock, numa altura em que ainda não havia alternativas.

Com uma plateia mais pequena mas provavelmente bastante devota, os Dinosaur Jr. subiram ao palco para executarem  temas do novo disco "I bet on sky", não esquecendo temas mais antigos como "Freak scene". Mas eram claramente os Explosions in the Sky a par dos My Bloody Valentine os nomes mais esperados do terceiro dia. Depois de no ano passado terem cancelado a sua atuação, os Explosions in the Sky tinham à sua espera alguns fãs ansiosos pelo seu post-rock instrumental. E ao longo do tempo que estiveram em palco, a banda justificou a devoção dos seus seguidores, e deu um concerto fantástico.

Não deixa de ser incrível ver tantos milhares de pessoas rendidos durante mais de uma hora perante uma banda de música instrumental, que assenta o seu som num estilo que se tenta datar permanentemente como pertencendo ao início da década passada e ao final do século anterior. Os americanos, originários do Texas, apresentaram-se em palco num português quase perfeito e foram desfiando temas como "Greet Death", "First Breath After Coma" e "The Only Moment We Were Alone", intercalando acordes bruscos com outros mais calmos. Num alinhamento perto da perfeição, os Explosions in the Sky deram um dos melhores concertos do festival.

A contrastar com a instrumentalidade dos Explosions in the Sky, seguiram-se os Liars no palco Super Bock para com a sua batida por muito público a dançar. Um Angus Andrew frenético e uma vontade de descarregar energia marcaram nova passagem da banda pelo nosso país, mas a sonoridade assumida pela banda no último trabalho parece ter afastado o interesse de algum público.

Os My Bloody Valentine eram seguramente os mais aguardados para encerrar o último dia da edição deste ano do Optimus Primavera Sound. Há quem lhes atribua o título de criadores do shoegaze e por isso, também aqui, as guitarras falaram mais alto. Havia alguma curiosidade neste regresso aos palcos dos irlandeses mas apesar de uma atuação intensa, talvez os temas não tenham resistido tão bem ao tempo como se esperava, ou talvez este regresso dos MBV não tenha trazido nada de novo a um som ainda mais datado que o Post-Rock. Antes do concerto a expectativa era muita (a banda dominou as redes sociais e as conversas entre festivaleiros) mas enquanto se desfilavam "Only Tomorrow" e "Thorn", o entusiasmo foi esmorecendo.

O resultado da pouca empatia público/banda foi que com o decorrer do concerto o palco Optimus foi perdendo adeptos. O culpado pode muito bem ter sido Dan Deacon que no palco Pitchfork, numa combinação imensa de luzes intensas e de música alegre, conseguiu pôr uma pequena legião de fãs em verdadeira festa a dançar e a saltar durante quase uma hora, terminando assim para muitos, em verdadeira festa esta segunda edição do Optimus Primavera Sound.

Fotos: Gustavo Machado
Texto: Ana Isabel Soares