Nos Alive'14: Palco Heineken, dia 2 (11/07), com Sam Smith e Parquet Courts


Nos Alive'14: Palco Heineken, dia 2 (11/07), com Sam Smith e Parquet Courts

Segundo dia mais equilibrado na tenda do Palco Heineken: logo a começar, mais a animação do que no dia anterior com Allen Stone e Russian Red a fazerem mais festivaleiros deixar a letargia de final de tarde e o conforto da relva sintética para dar um pezinho de dança.

À primeira vista Allen Stone parece um hippie nerd saído diretamente de Woodstock mas a sua música transforma-o imediatamente num white soulman mais ao estilo de Stevie Wonder, Marvin Gaye ou o mais recente Jamie Lidell. Animado e com uma boa banda conseguiu cativar a audiência de fim de tarde com os temos dos seus 2 únicos álbuns Last to Speak e Allen Stone.

Seguiu-se a petite Russian Red, que na realidade é loira e madrilena, que lá foi encantando a plateia com o seu folk rock a balançar entre a sensualidade de Lana del Rey e o poder vocal de Anna Calvi. Divertido mas sem grandes novidades desde as suas recentes visitas ao nosso país.

Pelas 19 horas passamos pelos omnipresentes For Pete Sake, banda portuguesa que por conta do contrato com a EDP passam por tudo o que é festival e leva um merecido boom na sua carreira quase inexistente até então. Sofreram no entanto a concorrência de The Last Internationale e a festa dos D’Alva para não terem tanto público como mereceriam.

Voltando às novidades, tivemos a estreia dos Parquet Courts em Portugal. Os nova-iorquinos foram diretos ao essencial com "Ducking & Dodging" mostrando a sua vertente garage rock/punk sem grandes floreados. Apesar do muito público, a reação não foi tão efusiva como as anteriores bandas de Brooklyn que por aqui já passaram (recordamos as enchentes de Vampire Weekend ou TV on the Radio, por exemplo). Também não o justificaria, pois os riffs monótonos a relembrar a era do punk (em dia da morte do último Ramone) já estão desfasados dos gostos atuais.

O momento alto da noite aconteceu com Sam Smith. O britânico ainda muito jovem (22 anos) e com apenas um EP e um álbum (In the Lonely Hour lançado este ano) conseguiu colocar uma tenta a abarrotar em histeria. Já com muitos fãs por cá, Smith jogou várias cartadas certas para ter o público na mão: começou com as baladas "Leave Your Lover" ou "Lay Me Down" a vincar a sua voz soul e uma banda competente; atirou-se a uma versão de "Do I Wanna Know" dos Artic Monkeys; agitou com "Latch" (que cantou para os Disclosure) e "La La La" (que gravou com Naughty Boy); e finalizou com a aguardada "Stay with Me".

A "fava" do dia saiu aos We Trust! A banda de André Tentúgal apresentou-se em formação mega-alargada com sopros e cordas mas quase pareceu ter mais gente em palco dos que estavam na audiência. Apesar da desfeita provocada pelos Black Keys, os We Trust não se renderam e uivaram à lua cheia, cantaram "Dreams" dos Fleetwood Mac e fecharam com "We are the Ones" e "Time (Better Not Stop)" para agradar aos fãs resistentes.

Aproveitando o intervalo entre Black Keys e a loucura dos Buraka Som Sistema as "meninas bonitas" de Brooklyn (mais umas!) voltaram a clamar o mesmo gosto por Portugal que os portugueses têm por elas. As Au Revoir Simone, com os habituais sintetizadores, caixas de ritmos e simpatia sem limites lá foram entretendo o muito público com música suave e quase angelical. Passaram pelas músicas habituais e tocaram canções mais recentes como "Crazy" e "Somebody Who" que em nada acrescentam aos álbuns anteriores.

Para terminar, SBTRKT (ou Aaron Jerome) acompanhado de bateria e de um cão gigante insuflável, apresentou o seu live act baseado no último álbum Young Turks e nas remisturas habituais de artistas como MIA, Radiohead, Modeselektor ou Underworld. E já em altas horas da noite (depois das 3 horas) apresenta-se o também já habitual Caribou apresentando o seu mais recente Our Love. Foi pena ser tão tarde pois merecia maior destaque, mas terá de ficar para a sua próxima visita!

Fotos: Diogo Baptista e Vic Schwantz/Oporto Agency
Texto: Miguel Lopes c/ Oporto Agency