NOS Alive: Arctic Monkeys "abafados" pela máquina Nine Inch Nails

Neste primeiro dia de NOS Alive há a destacar o que já se esperava: Arctic Monkeys em modo Last Shadow Puppets, uns Nine Inch Nails demolidores e ainda triunfos de Khalid e D'Alva nos restantes palcos.

Começando pelo Palco NOS, os Arctic Monkeys (ou Monkeys como agora se auto-referem) trouxeram o seu último álbum Tranquility Base Hotel + Casino e condicionaram todo o seu espetáculo a este último trabalho. Sendo um disco muito mais calmo, de quarto de motel em que a velocidade de AM é trocada pela melancolia e o estridente das guitarras é trocado pela omnipresença do piano.

Alex Turner encarna aqui a personagem de crooner, quase a parecer um cantor de casino na sua reforma dourada em Vegas, com o seu fato impecável e os seus óculos à anos 70. Os restantes membros da banda são meros acompanhantes num espetáculo sem grandes altos e sempre tocado ao ralenti. Desde a abertura com "Four Out of Five", o último álbum foi dominando o concerto, ainda com "One Point Perspective", "She Looks Fun", "Star Treatment" ou a música título do álbum "Tranquility Base Hotel + Casino". Todas as restantes músicas foram tocadas neste registo e nem "Brianstorm", "Crying Lightning" ou "I Bet You Look Good on the Dancefloor" elevaram a eletricidade. Apenas o final do encore com "R U Mine?" foi tocada em velocidade como todos pediam desde o início.

Fica pois, aqui um sabor agridoce, pois o último álbum é excelente, o espetáculo foi sem falhas, mas não será o que se pede para um festival deste tipo e o que o menos atentos estariam à espera. Ficaremos a aguardar pelo mesmo espetáculo numa sala fechada ou pelos próximos capítulos e encarnações de Alex Turner e companhia.

Neste palco pouco há a dizer de uns bocejantes Snow Patrol. A banda irlandesa a apresentar o seu último álbum Wildness, apenas veio "encher chouriços" entre os headliners da noite e talvez arrefecer os ânimos entre a máquina industrial dos NIN e o que já se previa ser uns Monkeys mais calminhos. O seu pop rock fofinho apenas serviu para mais umas selfies e gravações para as meninas das primeiras filas que deliraram com o seu (único?) hit "Chasing Cars".

Felizmente tivemos algo antes que encheu as medidas: os já rodados Nine Inch Nails. Tendo lançado há dias Bad Witch apenas ouvimos duas canções novas deste álbum: "God Break Down the Door" e "Shit Mirror" e o resto do concerto foi passando pela restante carreira discográfica desde os primeiros registos com "Closer", "March of the Pigs" ou a belíssima "Hurt" a terminar. Trent Reznor (o mentor da banda), acompanhado de Atticus Ross (o seu companheiro de bandas sonoras nos últimos tempos) não fizeram prisioneiros e começaram a todos o gás com "Wish" e, com um público mais reduzido do que seria na última banda da noite (os NIN não são uma banda para todos), o eletro-rock industrial foi desfazendo o Palco NOS acompanhado de um jogo de luz irrepreensível que ainda beneficiou do pôr-do-sol e do nascer da noite. Foi uma avalanche que merecia ter sido presenciada por mais público.

Antes disso, o "habitual artista comercial" abriu o palco. Desta vez coube a Miguel Araújo cobrir a quota e depois, um senhor da música deu um toque de classe ao palco. Bryan Ferry, vocalista dos Roxy Music foi o verdadeiro crooner da noite, e com a sua banda numerosa com coros e oboés, não se importou muito com a indiferença da maior parte dos festivaleiros (os mais novos ainda se perguntariam quem seria aquele avô cheio de estilo).  O concerto passou maioritariamente pelas músicas dos Roxy Music, como "Love is Drug" ou "Virginia Plain" embora não tenha faltado as suas "Don't Stop the Dance" ou "Slave to Love".

Pelos outros palcos, podemos referir a enchente que Khalid levou ao Palco Sagres. O vencedor de recentes MTV Video Music Awards e BET Awards levou o seu R&B sensual ao palco secundário do Alive. Os teens acotovelaram-se para conseguir ouvir os acordes de "Saved", "Young Dumb & Broke" ou "Silence" (escrita com Marshmello).

No Clubbing, eram ainda mais teens os que estavam na primeira fila para ouvir o já habitual espetáculo de Alex D'Alva Teixeira (ou apenas D'Alva). O gospel-pop do lisboeta pôs todos os que estavam na plateia (e muitos dos que iam apenas a passar) a dançar. Não podia deixar de terminar com "Frescobol", o seu hit de verão!

Nota: Não foi permitida a captação profissional de imagens dos concertos de Arctic Monkeys e Nine Inch Nails à equipa de reportagem da Noite e Música Magazine.

Foto Arctic Monkeys: NOS Alive

Equipa Noite e Música Magazine no NOS Alive
Fotos: Eduardo Salvador
Textos: Miguel Lopes
Edição: Nelson Tiago