KISS e Megadeth em Oeiras: A "banda mais sexy do mundo" salvou a fraca organização [fotogaleria + texto]


KISS e Megadeth em Oeiras: A "banda mais sexy do mundo" salvou a fraca organização [fotogaleria + texto]

Vergonhoso! Era a expressão mais utilizada nas redes sociais e no próprio local pelo público que tentava entrar para o Estádio Municipal de Oeiras ainda a tempo de ver os longos cabelos loiros e a guitarra em V de Dave Mustaine. Mas o que conseguiam era apenas ouvir ao longe as músicas desta Dystopia World Tour, no final do seu terceiro ano de duração.

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A promotora Everything is New, que tão bem nos tem habituado na organização de grandes espetáculos, desta vez falhou redondamente ao colocar apenas uma entrada para um espetáculo que começava às 20h30, a meio da semana e que, apesar de não estar lotado, levava vários milhares de pessoas. Talvez estivessem preocupados com outros festivais e este apenas tenha servido para "roubar" públicos a outros. Apenas o civismo habitual do público do metal evitou confusões perante a ausência de elementos da organização, segurança e polícia que se demitiram até de organizar uma fila. Teremos também de nos "demitir" de fazer a crítica ao primeiro concerto da noite pois, tal como outros milhares de pessoas, não o conseguimos ver!

Mas vamos ao melhor da noite: a auto-intitulada "banda mais sexy do mundo", os KISS. A banda nova-iorquina fundada por Paul Stanley e Gene Simmons em 1973 são os verdadeiros dinossauros do hard rock. Não que não hajam outras bandas mais antigas ainda em atividade (ex: The Rolling Stones ou os Stooges), mas os Kiss têm nos seus espetáculos tudo o que referenciamos com as bandas de rock dos anos 70 e 80: o show off (através das pinturas faciais e dos fatos, ou da pirotecnia), o acting e a maneira de puxar pelo público entre cada canção ou as múltiplas guitarras de todos os feitios.

O início também foi complicado: depois de um changeover com o público completamente às escuras (até os bares tiveram dificuldade em funcionar), uma lona com o nome da banda que não quis ficar presa no palco e alguns problemas de som e vídeo nas duas primeiras músicas ("Deuce" e "Shout It Out Loud"), o glam metal dos experientes KISS lá conseguiu dar a volta. O que se esperava eram exatamente os artifícios e não o excepcional virtuosismo nas guitarras ou nas vozes.

Os KISS são um espetáculo à antiga que já encheu grandes estádios, vendeu milhões de discos, está no Rock’n’Roll Hall of Fame e ainda dá algumas lições aos nomes de topo atuais. É certo que em Portugal apenas tinham tocado uma vez e numa fase de reinvenção e, talvez por isso, num tenham tido o cedo de uns AC/DC por exemplo. Daí que um estádio de 10.000 lugares não estivesse totalmente cheio, mas estas "Legends of Rock" talvez tivesse cabido melhor numa máquina de espetáculo e show off como o Rock in Rio, juntamente com mais um ou dois grandes nomes. Talvez aí se tivessem exponenciado os truques do Stanley, Simmons e companhia.

Por aqui, todos se divertiram e cantaram hits como "I Was Made for Lovin' You", "Detroit Rock City" ou "Rock and Roll All Nite" a terminar o encore. Presenciámos Gene Simmons a cuspir fogo para uma espada em "Firehouse", a jorrar sangue da sua extensa língua depois de um solo de baixo e antes de voar para um palco elevado para "God of Thunder" e ainda, Paul Stanley a fazer slide para a régie para cantar "Black Diamond" (estão a ver Rock in Rio??) ou Tommy Thayer a cantar "Shock Me" (com direito a disparos de pirotecnia da guitarra). Nesta banda todos são vocalistas (até Eric Singer cantou uns acordes em "Black Diamond")!

Para terminar a festa só faltava a "cerimónia" de partir a guitarra (Stanley fez a vontade ao cartaz das primeiras filas) e o fogo-de-artifício por trás do palco (onde já vimos isto?).

Foi um bom regresso aos anos 70!

Megadeth

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Fotos: Rúben Viegas
Texto: Miguel Lopes