David Fonseca em entrevista: "Posso dizer que sou líder naquilo que eu faço"


David Fonseca é um dos cantores portugueses mais bem-sucedidos e vai pisar o palco dos coliseus de Lisboa (dia 2 de março) e do Porto (dia 9 de março) para apresentar o seu último trabalho; "Seasons: RisingFalling" mas também para celebrar os seus 10 anos de carreira. O Noite e Música esteve à conversa com o cantor.

Noite e Música: O que podemos esperar dos concertos dos coliseus?
David Fonseca: Quando fazemos estes concertos eles acabam sempre por ter uma forma muito especial de acontecer porque vemos estas datas como datas de celebração. Eu, todos os meus músicos e toda a minha equipa assume isto um bocadinho como uma data de celebração daquilo que se está a fazer neste momento e fazemos estes concertos de uma forma muito maior. Mas são exatamente estes concertos dos coliseus que servem de ponto de partida para a digressão que levamos pelo país inteiro.

NM: Vai partilhar os palcos com convidados especiais?
DF: Sim mas não posso dizer quem são nem qual a razão porque acho que uma das coisas mais engraçadas de ter convidados especiais é precisamente eles serem uma surpresa para o público que lá está por isso não posso dizer nada sobre isso.

NM: No coliseu já o vimos mascarado, deitado numa cama a tocar e a cantar, a iniciar o espetáculo numa cabine telefónica interpretando "Queen" e a encarnar um lutador de boxe… Podemos elevar a fasquia?
DF: Estamos a falar da fasquia do mascarado… (Risos) De que é que ele se irá mascarar desta vez? Eu não sei, acho que há fases para tudo e eu às vezes penso que neste concerto não entra nada de maluquices, o que acaba sempre por acontecer… Mas não posso desvendar mais.

NM: O David possui uma relação muito próxima com os seus fãs, chegando a fazer transmissões online como por exemplo o "hangout" no domingo passado. O que acontece nessas transmissões?
DF: Eu fiz três transmissões dessas. Duas a partir da minha cozinha e uma a partir do local de ensaio. O primeiro hangout que eu fiz foi para comemorar os 200 mil fãs no facebook e aquilo foi tão divertido que decidi fazer mais. Toco algumas canções e falo um pouco com as pessoas que me vão fazendo perguntas.

NM: Nestes 10 anos sente que marcou a história da música portuguesa?
DF: Não sei, eu tenho muita dificuldade em ver-me dessa forma. É possível que sim, são muitos anos de canções, de canções que as pessoas conhecem, que passam na rádio mas eu tento não olhar para mim dessa forma. Não me preocupa tanto se estou a ser um marco na música portuguesa ou não. Eu tenho muito pouca tendência para olhar para trás. Não sou esse tipo de pessoa. Costumo olhar sempre para a frente e espero que tudo o que eu vá fazer seja muito mais interessante do que o que já fiz. Essa é sempre a minha esperança porque é a única forma de progredir, de continuar a fazer algo de interessante no mundo da música. Mas talvez, talvez seja um marco na música portuguesa, espero que sim.

NM: Já passaram quase 5 anos desde o lançamento do Dreams In Colour Live – 12.04.08. Para quando um segundo DVD?
DF: Não faço ideia. Ao contrário dos outros artistas que lançam discos espaçados, eu faço-o sistematicamente. Nos últimos 10 anos lancei 5 discos diferentes, tive a participação nos Humanos, há uma rede de trabalho muito grande. Mas para já gravar um DVD ao vivo é algo que não está na agenda.

NM: Para si qual foi o momento mais especial da sua carreira?
DF: Não faço muitos balanços, mas posso dizer que há várias coisas especiais quando uma pessoa vai parar a uma área destas. Sublinho uma, com os Silence 4 que me trouxe as minhas primeiras experiências no mundo da música e que foi a primeira vez em que toquei as minhas canções. Essa sensação foi no local de ensaio e fez-me ver que eu queria estar no mundo da música por muito muito tempo. Há coisas que uma pessoa encontra na vida que de repente nos fazem sentido e eu não percebia muito bem porquê mas senti que queria seguir o mundo da música e esse primeiro ensaio com os Silence 4 foi um momento muito importante na minha vida e é das recordações que levo sempre comigo e que me permite evoluir dentro da área musical.

NM: E em relação às andanças pelo estrangeiro? Como tem sido a receptividade? O público já conhece as suas músicas?
DF: Sim, Espanha tem sido uma aventura a muito positiva. Eu acho que levei todas as digressões dos últimos 5 anos ao país e obviamente que foi uma coisa que foi crescendo ao longo dos anos e atualmente eu sei que já existe um público que é fiel à minha música e é um dos países que me tem recebido de forma mais entusiasta. Mas também já tivemos outras aventuras que foram bem recebidas como no caso da Grécia, de Itália e do Brasil mas são ainda países e especialmente o Brasil onde estamos ainda a começar apesar de irmos lançar o novo cd muito proximamente, é muito difícil começar outra coisa num país mas estamos a tentar levar a música um bocadinho mais além, sem grandes pressões e às vezes sem os meios que outras bandas internacionais têm mas temos tido uma receptividade maravilhosa e por isso vamos tentar levá-la a mais sítios.

NM: No último ano mostrou um pouco do seu trabalho fotográfico. O que o levou à exposição em Braga e à edição do livro "Right Here, Right Now"?
DF: A exposição surgiu através de convite dos “Encontros da Imagem” em Braga. É uma área na qual já trabalho há muita tempo mas nunca tinha seriamente pensado em levar algo mais adiante e o ano passado foi de facto o ano em que isto começou e eu espero que tenha sido a primeira pedra de muitas no caminho com algo mais sério para fazer. Eu queria fazer uma exposição e um livro. Há muitas coisas que tenho em agenda, mas a fotografia é uma área um tanto mais complexa do que a música obviamente porque não estando dentro do meio e sendo um principiante é tudo muito mais complexo para mim mas é uma área na qual espero fazer muito mais coisas no futuro.

NM: Podemos dizer que o David Fonseca sempre fez tudo o que quis?
DF: Tudo não… Quase tudo. Eu posso dizer que sou líder naquilo que eu faço. Posso dizer que na maior parte das vezes faço quase tudo aquilo que eu quero e exponho tudo o que quero fazer o que acho que é um luxo nos dias que correm e percebo a sorte maravilhosa que tenho em seguir algo que quero mesmo mas ainda há muitas coisas que eu quero fazer, que estão algures no horizonte e que espero conseguir alcança-las.

NM: O que podemos esperar do David Fonseca nos próximos tempos?
DF: Para já estamos dedicados aos coliseus. Depois muito provavelmente continuamos a digressão do Seasons em Portugal porque o segunda parte deste trabalho saiu apenas no fim do ano passado apesar de me parecer que já tem anos, por isso vamos leva-lo a todo o Portugal e a outros sítios lá fora como é o caso de Espanha. Para já os planos imediatos são esses; ir para a estrada e ver o que acontece.

NM: Quer deixar alguma mensagem para os nossos leitores?
DF: Espero que venham aos coliseus e que façam a festa connosco porque acho que são momentos muito diferentes do que costumam ver nos concertos. São sítios especiais onde a festa vai ser fora do comum. Juntem-se a nós.

Entrevista: Bruno Silva